Mercadorias básicas e indispensáveis no dia a dia são as que apresentam valores com aumentos mais expressivos.
Não bastasse o aumento da gasolina e do gás de cozinha, idas ao supermercado também têm deixado os consumidores descontentes. Isso porque, a alta no preço de produtos como a carne, leite e, até mesmo, os legumes, tem comprometido a renda de muitas famílias. O principal inimigo desse acréscimo é a inflação, que tem contribuído com valores excessivos em itens básicos e indispensáveis para o dia a dia.
Para a moradora de Criciúma, Scheila Martins, a maioria dos itens teve aumento nos supermercados. “A carne e o frango, principalmente. Eu fazia rancho, agora, estou comprando as coisas básicas, do dia a dia, todas as semanas. Um pacote de peito de frango que era R$ 8 está em torno de R$ 20. Está muito difícil, a maioria dos preços subiu. Então, tento comprar o frango, que ainda é o mais barato”, afirma.
A situação de Scheila não é um caso isolado. Os consumidores têm sentido no bolso os reflexos da inflação. “Todos notaram esse aumento. Mas, eu acho que está sendo até abusivo já. Por exemplo, um tomate da terra, que estava com o valor de aproximadamente R$ 4 o kg, agora, está R$ 8. Eu acho que muitos estabelecimentos pensam ‘vamos aumentar, porque o povo paga mesmo’. É uma necessidade, e, no fim, a gente acaba pagando”, lamenta a moradora do bairro São Cristóvão, Rita Simon.
Para a aposentada, muitas pessoas foram obrigadas a buscar novas maneiras de contornar a situação. “A carne, por exemplo, tem que procurar muito e escolher uma mais barata. Tivemos que nos reinventar com esses aumentos, como consumir mais frango, também”, acrescenta Rita. É o caso do criciumense Edson Santos, que sente no bolso a dificuldade dos novos preços praticados nos supermercados.
“Eu moro sozinho, então costumo ir quase todos os dias no supermercado, vendo também onde tem as promoções. Os valores aumentaram muito, da carne, café, leite e até das verduras. Tudo aumentou”, afirma. Para contornar a situação, o morador busca diminuir o consumo de carne. “Encontro alternativas, como consumir o frango, por exemplo, legumes e frutas também”, finaliza.
Restrição da produção
De acordo com o economista Henrique Tancredo, uma das principais causas da inflação é o fechamento da economia, em termos de restrição da produção. “Além disso, a resposta governamental de expansão da base monetária para combater a crise. Acontece que, com a queda na produção, mas um aumento na demanda, isso leva os preços dos bens para um ponto maior que o atual e, dependendo do grau de variação desta queda na produção e da expansão da base monetária, há, tudo se mantendo constante, um aumento da inflação”, explica.
Por isso, o preço dos produtos possui relação inversamente proporcional à quantidade de itens que são produzidos. Nos supermercados, a inflação reflete no aumento dos preços que atendem as necessidades mais básicas, principalmente, por serem itens que possuem maior demanda. “A expansão da base monetária com a queda de produção afeta no preço da maioria das mercadorias”, finaliza Tancredo.
Outro fator que também é responsável pelo aumento no preço dos produtos é a desvalorização do real, bem como a mudança nos hábitos de consumo. Segundo a Confederação Nacional do Comércio (CNC), os consumidores estão optando por trocar o dia de ir às compras, sobretudo as que são em supermercados.
Segundo o economista da CNC, Fabio Bentes, com o preço excessivo dos itens básicos, os consumidores buscam se deslocar aos estabelecimentos logo no início do mês, para garantir a compra de uma vez só, para o mês todo.
Pressão no setor supermercadista
De acordo com o vice-presidente da Região Sul da Associação Catarinense de Supermercados (Acats), Ricardo Pereira Althoff, o setor também tem sentido uma forte pressão dos fornecedores devido o aumento das mercadorias. “Arroz, feijão, cerveja, carne e óleo de soja, por exemplo, todos tiveram aumentos significativos nos últimos meses. Pelo o que a gente pôde apurar, isso se deve, principalmente, à desvalorização cambial – que favoreceu o aumento das exportações de muitos desses produtos e suas matérias-primas. A seca, em algumas regiões do Brasil, também teve um papel preponderante, junto à alta dos combustíveis”, explica.
O diálogo, segundo Althoff, entre todos os envolvidos na cadeia de abastecimento, tem sido fundamental para evitar o aumento abusivo dos preços. “Apoiamos um sistema econômico que é baseado na livre iniciativa e é contra a prática de preços abusivos, que impactam negativamente na vida dos nossos consumidores. Temos ouvido falar bastante sobre a falta de insumos em algumas categorias, principalmente, embalagens de produtos, o que também acaba refletindo na capacidade dos fornecedores de entregarem os produtos”, acrescenta.
Clientes gastam mais e levam menos
Com os valores exorbitantes, os clientes acabam gastando mais e levando menos itens para casa. Em alguns casos, os produtos mais caros são substituídos por marcas com valores mais acessíveis. “Esperamos que seja uma situação transitória, mas é inegável que a inflação tem sido, sim, sentida no bolso dos nossos consumidores”, finaliza o vice-presidente da Região Sul da Acats.
Com informações do site TNSul