Geral

Feminicídios em SC: 15% das vítimas em 2021 foram mortas pelos pais, apontam investigações

No primeiro semestre, 20 mulheres foram vítimas de feminícidio em Santa Catarina, sendo três pelos pais.

Divulgação

Entre 1º de janeiro a 30 de junho de 2021, 20 mulheres morreram vítimas de feminicídio em Santa Catarina. Desse total, três – ou 15% – foram mortas pelos pais, apontam investigações feitas pela Polícia Civil. O primeiro caso ocorreu em 12 de abril, quando Géssica Dias Tizon, de 21 anos, foi esfaqueada pelo pai após tentar defender a mãe de agressões. O homem está preso.

Em 7 de junho, uma bebê de 1 ano e 11 meses foi morta. O pai dela, de 25, foi preso e indiciado pela polícia junto com a mãe da vítima, que responde por omissão.

O caso mais recente ocorreu uma semana depois, no dia 12 do mesmo mês. Uma menina de 5 anos foi assassinada por estrangulamento pelo pai, de 39.

A morte de Evelyn Vitória Modrok, 5 anos, poderia ter sido evitada. É o que diz a tia da menina, Marcieli de Souza. A criança foi morta pelo pai no dia 12 de junho na casa onde os pais casaram, a mãe engravidou e onde a menina morou por quase toda sua vida. O homem de 39 anos confessou o crime e foi preso preventivamente. A mãe de Evelyn já tinha denunciado ameaças do homem.

O casal estava separado desde janeiro e compartilhava a guarda de Evelyn. O acordo era para que a menina ficasse um dia com o pai e no outro com a mãe. Contudo, conta Marcieli, o homem passou a dificultar o contato entre elas. Até mesmo visitas na casa do suspeito se tornaram difíceis.

“Ela foi no conselho tutelar pedir ajuda. A primeira vez que ela fez um boletim de ocorrência foi quando ele fez ameaças de matar a menina. Ela apresentou isso para o conselho, mas eles falaram que não poderiam fazer nada”, conta Marcieli.

O pai foi autuado em flagrante por homicídio qualificado no dia do crime e chegou a ser hospitalizado com ferimentos provocados por uma faca na região do pescoço e no pulso. No dia seguinte, ele foi encaminhado ao Presídio Regional de Jaraguá do Sul. O Ministério Público denunciou o homem por homicídio triplamente qualificado e a Justiça aceitou o pedido. Ele segue preso.

Crime de ódio

Segundo a advogada Tammy Fortunato, o feminicídio é um crime de ódio, e é utilizado para denominar as mortes de mulheres por conta do gênero. O termo se tornou conhecido após a formalização da Lei Maria da Penha, em 2015, que introduziu o crime como uma qualificadora do homicídio doloso.

Segundo a Coordenadora das delegacias de Proteção à Criança e ao Adolescente, Mulher e Idoso (Dpcami) em Santa Catarina, Patrícia Zimmermann, em muitos casos, os assassinatos de mulheres ocorre atrelado a outros crimes e atinge a família.

Na cidade de Rodeio, por exemplo, quando o pai de Géssica a matou, o homem tentava agredir a ex-companheira. No dia do crime, a mãe da jovem foi até a delegacia e pediu uma medida protetiva contra o autor feminicídio. Os avós da vítima e o tio dela também foram atacados.

“Todo crime de feminicídio é a morte da mulher por ela ser mulher, na condição de gênero, ou a morte da mulher numa violência doméstica e familiar, numa relação de afeto, e pai e filha têm essa relação”, explica a Patrícia.

O caso de Evelyn foi similar. “Aí a gente vê casos bem comuns de violência doméstica que culminou em feminicídio. Isso está presente nos dois casos”, afirma a advogada e especialista em questões de gênero, Tammy.

Redução nos números

Santa Catarina reduziu o número de feminicídios no primeiro semestre de 2021 em comparação ao mesmo período do ano passado. Foram 20 mortes nos seis primeiros meses do ano, contra 24 do primeiro semestre de 2020.

Dados obtidos via Lei de Acesso à Informação mostram que em todos os casos os suspeitos foram identificados. Os responsáveis por 19 mortes foram presos e apenas um segue foragido.

Formas de pedir ajuda:

  • WhatsApp da Polícia Civil: (48) 98844-0011
  • Delegacia virtual
  • Disque 100 ou através do número 182
  • Polícia Militar: 190
  • Sinal Vermelho: a vítima pode falar que “precisa de máscara roxa” ou mostra um “X” desenhado na mão ou em qualquer pedaço de papel em farmácias.

Com informações do site G1/SC

Notícias Relacionadas

Modelo foi assassinada pelo namorado, conclui Polícia Civil de Imbituba

Homem que alegou suicídio de companheira irá a júri popular por feminicídio em Içara

O crime aconteceu entre os dias 12 e 13 de fevereiro de 2019

ONU pede proteção a mulheres e crianças vítimas de violência doméstica

Para secretário, confinamento imposto por Covid-19 aumenta violência

Vítimas de violência doméstica poderão fazer denúncia em farmácias

CNJ e AMB lançam nesta quarta-feira (10) campanha de incentivo a essa prática