Em entrevista ao jornal "Telegraph", professor pede cautela para estudos com vacinas; equipe iniciou os testes em humanos em abril.
O teste da vacina contra o Covid-19 feita pela Universidade de Oxford, no Reino Unido, tem apenas 50% de chance de sucesso. É o que diz um dos líderes da equipe que estuda a imunização no sábado (23) ao jornal britânico “Telegraph”.
Adrian Hill, diretor do Jenner Institute de Oxford, que se associou à farmacêutica AstraZeneca para desenvolver a vacina, disse que os resultados de um próximo estudo, envolvendo mais de 10 mil voluntários, podem não garantir que a imunização seja eficaz e pede cautela.
A vacina experimental, conhecida como ChAdOx1 nCoV-19, é uma das pioneiras na corrida global para fornecer proteção contra o novo coronavírus. A equipe de Hill iniciou os testes em humanos em estágio inicial da vacina em abril, tornando-a uma das poucas que alcançaram esse marco.
Teste em escala
Nesta sexta-feira (22), a universidade disse que instituições parceiras de todo o Reino Unido começaram a recrutar até 10.260 adultos e crianças para ver quão bem o sistema imunológico humano reage à vacina e quão segura ela é.
Um teste inicial que começou em 23 de abril já aplicou a injeção em mais de mil voluntários de idades variando entre 18 e 55 anos, e Oxford disse que as fases 2 e 3 acrescentarão pessoas de 56 anos e mais velhas, além de crianças de 5 a 12 anos.
“A velocidade com que esta nova vacina avançou para testes clínicos de fase adiantada é um testemunho da pesquisa científica pioneira de Oxford”, disse Mene Pangalos, executivo da AstraZeneca.
A AstraZeneca já assinou com Reino Unido e EUA como parceiros para produzir a vacina em escala industrial, antecipando-se à confirmação de que ela funciona e é segura.
Estágios de produção de vacinas
Para chegar a uma vacina efetiva, os pesquisadores precisam percorrer diversas etapas. Entre elas está a pesquisa básica – que é o levantamento do tipo de vacina que pode ser feita. Depois, passam para os testes pré-clínicos, que podem ser in vitro ou em animais, para demonstrar a segurança do produto; e depois para os ensaios clínicos, que podem se desdobrar em outras quatro fases:
- Fase 1: feita em seres humanos, para verificar a segurança da vacina nestes organismos
- Fase 2: onde se estabelece qual a resposta imunológica do organismo (imunogenicidade)
- Fase 3: última fase de estudo, para obter o registro sanitário
- Fase 4: distribuição para a população
Corrida pela imunização
A Tailândia começou neste sábado (23) a testar uma vacina contra o coronavírus em macacos após resultados positivos em ratos, disse o ministro da Educação, Ciência e Pesquisa e Inovação do país, Suvit Maesincee.
Além disso, cientistas chineses atestaram na sexta que uma vacina, ainda em fase inicial, apresentou pela primeira vez a capacidade de induzir a criação de anticorpos em humanos e se mostrou segura. O avanço foi publicado nesta sexta-feira pela conceituada revista científica “The Lancet”.
No início da semana passada, uma empresa norte-americana de biotecnologia anunciou resultados “positivos preliminares” na fase inicial de ensaios clínicos de sua vacina contra o novo coronavírus. Os testes foram feitos em um pequeno número de voluntários.
Com informações do site G1