Redução das atividades industriais e queda no fluxo de pessoas e veículos nas ruas contribuíram para a diminuição de gases na atmosfera, limpando o céu catarinense.
O cenário nas ruas das grandes cidades de Santa Catarina mudou nos últimos dias. Lugares onde antes se via aglomeração de veículos e pessoas hoje apresentam calmaria devido ao isolamento social imposto pelo governo do Estado e que segue até a próxima segunda-feira (13).
Toda essa mudança de rotina refletiu também na qualidade do ar. Um levantamento elaborado pelo IMA (Instituto do Meio Ambiente do Estado de Santa Catarina), com base nas imagens de satélite da ESA (Agência Espacial Europeia), mostrou a redução na quantidade de dióxido de nitrogênio, substância comum na atmosfera após a combustão de combustíveis fósseis, em todo o Estado durante o isolamento.
A análise fez um comparativo entre o período de quarentena, que teve início no dia 20 de março deste ano, com a mesma data referente ao ano passado, como explica o diretor do IMA, Fábio Castagna.
“Pegamos várias imagens do Estado e, com base nisso, conseguimos fazer uma previsão e o comparativo do influente atmosférico na superfície do Planeta. No primeiro momento, fazemos a análise do dióxido de nitrogênio. A emissão deste componente é bem comum em lugares onde há maior circulação de carros e caminhões e onde indústrias operam com essas matrizes”, conta.
Nordeste, Grande Florianópolis e Sul registraram maiores reduções
Os dados mostram uma significativa redução na quantidade de poluentes. As imagens são correspondentes aos dias 20 de março a 8 de abril, dos anos de 2019 e 2020.
Segundo Fábio, como a análise é qualitativa e não quantitativa, não é possível precisar com exatidão a porcentagem da melhoria na qualidade do ar, já que “as imagens são uma aproximação da concentração de poluentes.
ANTES E DEPOIS
Quando mais roxo, mais limpo está o ar.
Porém, segundo o diretor, é possível perceber uma redução significativa em três regiões do Estado: Grande Florianópolis, Sul e Nordeste. Entre os fatores, estão o menor tráfego de veículos e a diminuição dos serviços industriais.
“A região Sul tem diversas olarias, cerâmicas e termoelétrica. No Nordeste, temos a atividade industrial que contribui. Já na Grande Florianópolis, é fundamentalmente pela redução do tráfego de veículos, já que a região é pouco industrializada”, explica.
Além disso, ele explica que as imagens também mostram que os gases poluentes geralmente são mais acentuados nas regiões onde a densidade populacional é maior.
“Claro que Santa Catarina não se compara a São Paulo ou Rio de Janeiro, já que nossa densidade populacional não é tão grande quanto destas metrópoles. Mas, de qualquer forma, nas imagens percebemos uma diminuição sensível desse componente”, salienta.
Período permitiu uma “limpeza na atmosfera”
Para o coordenador do Projeto de Monitoramento do Ar da Unisul, Jairo Afonso Henkes, o período de quarentena permitiu uma “limpeza na atmosfera” devido à diminuição da emissão de gases poluentes.
“As imagens e os dados mostram que durante o período tivemos uma evolução na qualidade do ar. Por exemplo, cidades como São Paulo, onde a emissão é maior, e que hoje está parada, faz com que haja essa redução significativa, o que deixa o ar mais limpo”, explica.
A Unisul vem desenvolvendo um projeto para análise e coleta de dados relacionadas à qualidade do ar em SC. Ainda em fase de testes, o professor explica que, com base no que já foi observado pelo projeto, algumas melhorias já foram detectadas.
“O que mais notamos foi um ganho na qualidade ambiental do ar, principalmente na região Sul, em Tubarão, e em Florianópolis, onde se tem observado grandes melhorias”, conta. O projeto, que começou a ser desenvolvido em março de 2019, tem previsão de ser finalizado até o fim deste ano.
Santa Catarina não possui rede de monitoramento do ar
Atualmente, segundo Fábio, Santa Catarina não possui uma rede automática de monitoramento do ar. A implantação de analisadores e das estações, porém, estão sendo estudadas pelo IMA em conjunto com a Secretaria de Desenvolvimento Econômico.
“Para que o Estado tenha um levantamento fidedigno seriam necessárias algumas unidades e ainda não conseguimos realizar esse investimento. Primeiro, vamos fazer um inventário das emissões atmosféricas com base nos processos de licenciamento e as imagens de satélite, para, posteriormente, fazer a instalação dessas estações”, explica.
Com informações do site ND Mais