Setembro terminou, mas a prevenção é contínua.
Setembro amarelo, campanha criada em 2014 por uma iniciativa do Centro de Valorização da Vida (CVV) — uma ONG voltada à prevenção e apoio emocional em relação ao suicídio — em parceria com o Conselho Federal de Medicina e a Associação Brasileira de Psiquiatria. É um desdobramento do Dia Mundial de Prevenção do Suicídio, que aconteceu no dia 10 de setembro. O movimento vem ganhando espaço e é marcado por momentos de reflexão coletiva objetivando promover e ampliar discussões para planejar ações sobre o tema para que a partir daí novas posturas sejam adotadas, pois o trabalho de sensibilização e auxílio é ininterrupto.
É assustador o aumento do suicídio. É um fenômeno complexo que atinge pessoas de qualquer classe social, origem, idade, sexo. Segundo a Organização Mundial da Saúde 800 mil pessoas cometem suicídio todos os anos no mundo, o que representa uma morte a cada 40 segundos, e é a segunda principal causa de morte entre jovens com idade de 15 a 29 anos. O Brasil é oitavo país no ranking mundial. Suicidar-se não é um ato de covardia… É uma “dor psíquica insuportável” que leva à ação do suicídio. Cada suicídio representa uma tragédia que afeta não só as famílias, mas a sociedade como um todo deixando efeitos assoladores sobre os que ficam. É um grave problema de saúde pública.
Mas, onde, como e por que a escola deve entrar no problema?
A escola não pode se omitir porque é um importante espaço de socialização dos jovens e crianças, talvez o mais significativo para eles. Hoje com as famílias tão ausentes e uma sociedade tão materializada, a escola ainda é o melhor lugar para eles serem vistos e ouvidos. Para isso, gestores e professores devem manter a preocupação com a saúde mental da comunidade escolar sempre atentos às mudanças de comportamento, tais como: isolamento, tristeza, agressividade, automutilação, crises de choro, perda de prazer em atividades antes prazerosas, queda no rendimento escolar, dentre outras. São situações que podem ajudar a identificar que algo não está bem, e a partir de então buscar ajuda, tanto no ambiente escolar quanto na família. Prevenção é fundamental.
É preciso lembrar que não é responsabilidade da escola comprometer-se com atendimento psicológico, mas tem o compromisso de estar atenta às atitudes comportamentais dos alunos, mediando ações que oportunizem o diálogo minimizando o sofrimento, e dependendo da necessidade encaminhar para um profissional especializado. São ações preventivas que podem surtir um grande efeito. Nesse trabalho pode/deve haver o envolvimento da família, assistência social, postos de saúde, dependo da situação observada. Setembro terminou, mas a prevenção é contínua.
Mas, que ações podem ser feitas pela escola? Não existe receita pronta para o desenvolvimento deste trabalho, mas é preciso conscientização sobre o tema, e a escola pode contar com materiais disponíveis em sites especializados, promover palestras e debates, buscar apoio nas secretarias de saúde, mas acima de tudo manter um convívio amistoso e prazeroso entre alunos, professores, famílias e funcionários.