Ao falar sobre casos de meningite em uma escola no município, Clésio Salvaro afirmou que as crianças que estudam no local não trocam de roupa e não tomam banho.
Uma fala do prefeito de Criciúma, Clésio Salvaro (PSDB), durante entrevista para uma rádio local, gerou polêmica na região. O caso aconteceu na segunda-feira (30).
Ao falar sobre os casos de meningite em uma escola da cidade, o prefeito justificou que as crianças que estudam no local não trocam de roupa e não tomam banho. Ele também afirmou que muitas mães não sabem quem são os pais das crianças.
Além disso, o chefe do Executivo municipal disse que a Vigilância Sanitária havia passado em todas casas do bairro, e cerca de 25% dos locais não tinham as “mínimas condições de ali residir alguém”.
“Nesta escola em especial, a criança vai dois ou três dias com a mesma roupa. Ela não toma banho em casa, o pai não dá banho, a mãe não dá banho. Aliás, muitas vezes você nem sabe quem é o pai, nem a mãe sabe ao certo quem é o pai da criança”.
Há cerca de duas semanas, morreram um menino de 1 ano e cinco meses, e um bebê de sete meses, que frequentavam a CEI (Centro de Educação Infantil) Afasc Beato Aníbal Maria di França, no bairro São Francisco.
O primeiro caso foi confirmado como doença meningocócica, que é causada pela bactéria Neisseria Meningitidis. O segundo também foi confirmado como meningite bacteriana, mas não foi possível determinar o tipo.
Prefeitura se pronuncia em nota
Na manhã desta quinta-feira (3), a assessoria da prefeitura se pronunciou por meio de uma nota. A administração municipal disse houve um “mal-entendido”.
A fala de Salvaro, segundo a assessoria, foi “uma maneira de condicionar as famílias a só enviarem filhos para a aula com o documento de higienização e comprovante da visita das agentes da Vigilância Sanitária”.
Veja a nota na íntegra:
“Na realidade, houve um grande mal-entendido em virtude das recentes declarações do prefeito de Criciúma, Clésio Salvaro. Os casos de meningite sempre foram e sempre serão uma preocupação no município, e quando ocasionam óbito de um recém-nascido, trazem dor e comoção para todos.
Além de toda a responsabilidade municipal, com o controle de vacinação, e também do Governo Federal, com a distribuição e suprimento de demandas de vacinas, há uma questão de saúde pública que também envolve a ação dos pais e das famílias.
O prefeito Salvaro se manifestou após a ação das Vigilância Sanitária e Epidemiológica da Administração Municipal, que constataram que, em algumas comunidades de Criciúma, há um problema crônico de falta de asseio e higienização de residências.
As bactérias que ocasionam meningite estão propensas a proliferação em ambientes onde há lixo, entulhos, esgoto doméstico não canalizado e despejado de forma irregular, falta de cuidado com higiene de crianças dentro do lar (troca de fraldas, banho todos os dias e limpeza de crianças), etc. Muitos desses fatos foram comprovados na ação feita nos bairros.
Claro que há uma cultura local, com ambientes de população carente… E foi por este motivo que, durante quase duas semanas, o prefeito Salvaro baixou um decreto com uma ação educativa/orientativa para que as agentes fossem até as casas das pessoas e entrassem dentro dos terrenos para auxiliar nessa limpeza – somente para quem aceitasse a ajuda. A Prefeitura de Criciúma também disponibilizou caminhões nas comunidades para tirar os lixos – de dentro das casas – porque as pessoas não tiravam.
Isso gerou polêmica, mas foi uma maneira de condicionar as famílias a só enviarem seus filhos de volta para a creche com o documento de higienização e comprovante da visita das agentes da Vigilância Sanitária e Epidemiológica da Administração Municipal.”