As quatro usinas eólicas da região não funcionam como deveriam há muito tempo, causando um prejuízo de cerca de R$ 1,5 milhão por ano para o município.
A energia eólica alcançou a marca de 15 gigawatts (GW) em capacidade instalada, passando a ocupar o segundo lugar em relevância na matriz elétrica brasileira, segundo dados da Associação Brasileira de Energia Eólica (ABEEólica). Há 601 parques eólicos, com sete mil aerogeradores, espalhados em 12 estados. Porém, as quatro usinas eólicas da região, que ficam em Bom Jardim da Serra, não funcionam como deveriam há muito tempo, causando um prejuízo de cerca de R$ 1,5 milhão por ano para o município.
As quatro usinas, todas do grupo controlador Energimp, estão com graves problemas. Há 62 torres instaladas, sendo que no ano passado, somente oito estavam funcionando. E, segundo o auditor administrativo da prefeitura de Bom Jardim da Serra, Nelson Schoeller, desde última matéria publicada pelo CL, no dia 14 de janeiro de 2019, nada mudou. “Não conseguimos contato com eles e continuamos perdendo recursos financeiros com isso”. Ele estima que o município tenha um prejuízo de cerca de R$ 1,5 milhão por ano.
O auditor diz que não sabe quem é a empresa responsável pelas usinas. “É um impasse entre o governo federal e a empresa, então tem que esperar. É um obra federal e está abandonada, não sei em que pé está. Parece que vão terminar um parque no Rio Grande do Sul e estão vindo para cá”. O CL entrou em contato com a empresa Energimp no dia 27 de maio, pois ela, segundo informações da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) é a responsável pelas usinas de Bom Jardim. A pessoa responsável, pediu um prazo para responder os questionamentos do jornal sobre o que está ocorrendo com as usinas. O prazo de resposta foi estendido, mesmo assim, não foi dada nenhuma resposta.
Investimento não surtiu efeito em Bom Jardim
No dia 26 de junho do ano passado, a agência de notícias Reuters divulgou uma matéria, informando que a Goldwind, maior fabricante chinesa de turbinas eólicas fechou um contrato de até 450 milhões para realizar reparos em parques eólicos da Energimp.
A Energimp, é uma sociedade entre a fabricante argentina de equipamentos eólicos Impsa e o Fundo de Investimentos do FGTS (FI-FGTS). A matéria da Reuters divulgou que a companhia passou a sofrer dificuldades após a Impsa pedir recuperação judicial, ainda em 2014, o que paralisou projetos em andamento e prejudicou a manutenção das turbinas dos parques eólicos que ela já tinha em operação. “Essa solução, com a Goldwind, vai recuperar a capacidade de geração de energia da Energimp… o contrato é de um valor expressivo, de 400 milhões a 450 milhões de reais em investimento”, disse a fonte, que falou sob a condição de anonimato.
Porém, mesmo essa notícia tendo sido veiculada há quase um ano, em Bom Jardim da Serra, o investimento financeiro da Goldwind, por enquanto, não surtiu nenhum efeito.
Sobre o parque
O Parque Eólico de Bom Jardim da Serra foi inaugurado em 2011, após um investimento de R$ 545 milhões. Ao todo, são 62 aerogeradores, com 93 megawatts de potência, capacidade suficiente para abastecer 90 mil famílias. Durante a construção da usina eólica, o município arrecadou R$ 2,15 milhões. Quem colocou o projeto em prática foi a empresa Energimp, que ainda possui escritório na região.
Governo afirma que Energimp fará reparos
Através de nota, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) informou que as usinas da Energimp, em Bom Jardim da Serra, foram fiscalizadas no dia 7 de novembro de 2018, pois havia uma campanha de fiscalização do desempenho da produção das usinas eólicas.
Foi constatado pela fiscalização da Aneel a indisponibilidade de diversos aerogeradores em virtude, principalmente, da queima de geradores, mas também de danos decorrentes de raios, ocasionando deficits de geração expressivos em relação ao esperado. A agência, não informou quais são estes números.
Diante do fato, das usinas não estarem funcionando, a Aneel exigiu que a Energimp elabore e faça um plano, abrangendo medidas que melhorem os indicadores da usina e viabilizem a diminuição do deficit de geração identificado. A empresa apresentou para a Aneel, um plano de melhoria e a conclusão dos serviços está prevista para julho de 2020.
O CL questionou se a Energimp não deveria sofrer algum tipo de punição, já que venceu o processo para operar com as usinas eólicas e não está fazendo isso de forma efetiva. Porém, a Aneel, não respondeu ao questionamento. Somente disse, que se a empresa não cumprir o plano de melhoria, está sujeita a multa, mas não divulgou qual seria esse valor.
Com informações do site Correio Lageano