Segundo vizinhos, encanamento de gás natural do edifício foi feito, mas imóvel onde brasileiros estavam não recebeu a nova estrutura.
O apartamento alugado pela família de seis brasileiros que morreram no Chile na noite de quarta-feira (22) estava sem vistoria há 15 anos.
Bombeiros chilenos suspeitam que um vazamento de monóxido de carbono tenha provocado intoxicação nos brasileiros e causado as mortes.
Segundo os moradores do prédio, a construção tem mais de 50 anos. O encanamento de gás natural do edifício foi feito anos atrás, mas o apartamento não recebeu essa estrutura, informaram vizinhos.
Funcionários do Serviço de Eletricidade e Combustível (SEC), órgão estatal chileno responsável por avaliar as condições das edificações, atribuem selos de certificação nas cores verde, bege e vermelho, de acordo com o funcionamento hidráulico, elétrico e de gás.
De acordo com o SEC, o imóvel tinha selo vermelho e, por isso, não estava em condições adequadas para ser alugado.
Ainda segundo o serviço, os proprietários que devem pedir as vistorias, o que não foi solicitado nos últimos 15 anos. As autoridades chilenas também investigam a possibilidade de o apartamento ter sido sublocado.
A empresa Airbnb, que alugou o apartamento, informou que vai arcar com o traslado dos corpos, e que também presta assistência aos responsáveis por oferecer o apartamento — a identidade do locador não foi revelada.
Hipóteses
O comandante da polícia chilena, Rodrigo Soto, disse ao jornal “El Mercurio” na quinta-feira (23) que os policiais encontraram um forte cheiro do gás quando entraram no apartamento.
Bombeiros ainda fazem perícia para comprovar o vazamento e trabalham com 3 hipóteses: pode ter vazado gás do aquecedor de água, do aquecedor geral ou mesmo gás de cozinha.
Ao todo, 25 bombeiros chilenos participaram da ocorrência. O prédio foi todo evacuado durante o atendimento. Pelas condições em que foram encontrados os corpos, se presume que a intoxicação aconteceu muito tempo antes, informou o comandante do Corpo de Bombeiros de Santiago, Diego Velasquez.
A equipe da NSC TV teve acesso ao prédio onde a família foi encontrada morta. No andar de cima do apartamento 63, alugado pelos brasileiros, a porta também foi arrombada pelos bombeiros. Os socorristas disseram ao morador, que não estava no local no momento do arrombamento, que a concentração de monóxido de carbono no local seria o suficiente para matar uma pessoa.
Os bombeiros também trabalham com a hipótese de que o aquecedor de água do apartamento dos brasileiros poderia estar jogando monóxido de carbono para dentro, em vez de para fora da moradia.
Reconhecimento de corpos e traslado
O advogado da família, Mirivaldo Aquino de Campos, disse na manhã desta sexta-feira (24) que as autoridades chilenas confirmaram a morte dos turistas por inalação de monóxido de carbono.
As autópsias dos corpos foram feitas na quinta-feira (23) e os trabalhos seguem para a fase de reconhecimento, explicou Campos.
“Hoje será definido quem fica responsável por fazer esse reconhecimento dos corpos, se pode ser o consulado brasileiro e se precisa ser algum parente. Quem define isso são as autoridades chilenas”, disse Campos.
Os corpos estão no SML, como é chamado o Instituto Médico Legal (IML) no Chile. Atualmente, o órgão está funcionando com a metade dos funcionários e não há previsão de quando os corpos serão trazidos para o Brasil.
O Consulado do Brasil em Santiago disse que está acompanhando de perto todos os trâmites legais junto às autoridades chilenas.
O Ministério das Relações Exteriores afirma que não há previsão legal para o pagamento desse procedimento. Também informa que, quando um cidadão brasileiro morre no exterior e sua família opta por trazer seus restos mortais ao Brasil, os consulados brasileiros sempre procuram apoiar, mediante expedição de documentos, como atestado de óbito por exemplo, e tentam agilizar os trâmites.
Com informações do site G1/SC