A professora e colunista Ana Maria Dalsasso sugere aos pais intensificarem a conversa com os filhos para que não sejam "abduzidos" por situações como a "boneca Momo" e o "jogo da Baleia Azul".
Há pouco mais de dois anos as famílias foram tomadas pelo pânico com o surgimento do tal “Jogo da Baleia Azul”, sinistro e desafiante, idealizado por pessoas com perfil psicopata, objetivando levar adolescentes ao suicídio, mas graças ao empenho das famílias e instituições educativas o mal foi erradicado. No entanto, as mentes doentias estão sempre à espreita e, eis que surge a aterrorizante boneca MOMO, olhos esbugalhados e sorriso sinistro, apavorando em especial crianças que têm acesso à internet, gerando assim uma grande preocupação às famílias.
É a maldade da mente humana construindo uma sociedade cada dia mais doente.
A imagem dessa boneca vem circulando em redes sociais há algum tempo, porém agora de uma forma mais agressiva considerando que sua introdução acontece de forma aleatória em plataformas variadas na internet, em especial nas acessíveis ao mundo infantil.
Fala-se que a personagem interrompe vídeos populares incitando a automutilação e ensinando passo a passo o caminho para o suicídio. Trata-se apenas de uma boneca, mas considerando-se a imaturidade e a falta de discernimento de uma criança para separar o real do imaginário, pode trazer sérios danos. Mais uma vez o uso irracional da internet, desviando a ferramenta dos fins específicos para os quais foi criada. É a maldade da mente humana construindo uma sociedade cada dia mais doente.
A internet é uma realidade inegável, por isso temos de aprender a usá-la a nosso favor.
Há poucos dias assistimos atônitos à tragédia na escola de Suzano. À medida que as autoridades tentam desvendar provas, motivos, culpados, envolvidos, mais apavorantes são as respostas encontradas. Dois assassinos morreram, mas quantos outros estão ainda por aí preparando novos ataques em qualquer lugar, a qualquer hora? Os que compactuam são tão culpados quanto. Para onde caminha a mente humana? A irracionalidade do ser humano assusta.
Relembrar aqui esses episódios é uma forma de chamar os pais à reflexão sobre a necessidade de estarem presentes na vida dos filhos. A família precisa saber com quem eles andam, acompanhá-los dentro e fora da escola, inteirar-se do que fazem na internet, pois como tantos outros meios de comunicação é preciso saber o limite. A internet é uma realidade inegável, por isso temos de aprender a usá-la a nosso favor.
Quando na família não há diálogo, os filhos buscam lá fora as informações
Os pais precisam interessar-se mais pela vida dos filhos. O diálogo é o caminho para isso. Pais e filhos trocando ideias, dirimindo, dúvidas, traçando planos constroem uma base sólida. Quando na família não há diálogo, os filhos buscam lá fora as informações, que na maioria das vezes chegam distorcidas, não importa a fonte.
Talvez em nenhum momento de nossas vidas, o diálogo familiar foi tão importante, pois a luta do dia a dia fez com que pais e filhos se afastassem, criando entre eles barreiras que acabam sendo preenchidas por outras facilidades, a fim de esconder a solidão que existe num mundo tão próximo e tão distante ao mesmo tempo.
Falta toque, contato, olho no olho, falta o amor na sua forma mais simples e insubstituível.
Filhos trancam-se nos quartos sofrendo, pais isolam–se em suas preocupações, traçam planos, buscam mais a cada dia, mas esquecem o maior tesouro. Num mundo tão cheio de inovações, cores, opções, diversões, a solidão é presença constante. Falta toque, contato, olho no olho, falta o amor na sua forma mais simples e insubstituível.