Os Tigres fez protesto pacífico. Pichação do estádio, sem ligação com a organizada, foi repudiada por torcedores.
O pré-jogo entre Criciúma e Avaí foi marcado por dois episódios dife- rentes. O primeiro, foi a postura da Os Tigres de manter o protesto de não ir ao jogo de ontem, conforme havia comunicado após a execução do hino no Estádio Heriberto Hülse na manifestação contra a Chapecoense. O segundo foi uma pichação de ameaça ao presidente Jaime Dal Farra, que apareceu na parede da antiga bilheteria do Majestoso, fato esse sem nenhuma relação com a decisão da torcida organizada.
A única semelhança entre as duas situações é a demonstração de insatisfação com a atual gestão do Tigre que ainda persiste, mesmo que a diretoria venha dando respostas. No sábado pela manhã, como havia noticiado o Jornal A Tribuna, estava agendada uma reunião entre membros da diretoria da Os Tigre com representantes do Criciúma. A pauta era uma conversa para selar a paz entre a diretoria do Criciúma e a organizada. Uma tentativa de levar a torcida ao jogo contra o Avaí. Mas isso não aconteceu.
O motivo? Um atraso. A reunião estava marcada para às 9h, antes do treino aberto para a torcida. Iria começar minutos depois disso, pois o Tigre estava esperando todos seus representantes chegarem. Os membros da Os Tigres não quiseram esperar e justificaram. “Para quem acha que nossa atitude foi radical, vale lembrar que em 26/02/2019 tínhamos uma reunião com o clube às 18h. Esperamos até as 19h10min e aquela reunião também não aconteceu”, traz uma nota divulgada pela organizada.
Criciúma responde
Grande parte da diretoria do Criciúma realmente estava no estádio, acompanhada do presidente Jaime Dal Farra, que assistiu à atividade de preparação da equipe no sábado. Logo após publicação da Os Tigres, o Criciúma, em seu site, deu a sua versão do caso.
“Às 8h56min os torcedores foram atendidos no estacionamento e ficou combinado que, assim que todos estivessem prontos, seriam chamados para o interior do clube para a reunião. No intuito de reunir todos os profissionais do clube envolvidos no auditório, ocorreu um atraso de 11 minutos. Às 9h11min, os integrantes da torcida foram convocados para iniciar a reunião, mas um dos representantes da mesma relatou que três membros já haviam deixado o estádio e o encontro não seria mais feito”, afirmava a nota do Tigre.
O clube ainda se desculpou. “O Criciúma lamenta e pede desculpas pelo ocorrido e reitera importância da torcida. O clube somente tem sua rica história por conta de torcedores que sempre apoiaram o clube nos bons e maus momentos. Continuamos à disposição para receber todos e qualquer torcedor que queria contribuir com o nosso clube”.
Os Tigres não foi
Por fim, a organizada manteve a sua palavra e não compareceu ao estádio na partida de ontem. Ficou sem ocupar o espaço cuja torcida costuma se reunir durante os jogos do Criciúma.
A primeira promessa da Os Tigres após o caso do hino que tentou abafar os protestos na partida contra a Chapecoense era de que a barra brava não iria em dois jogos. O primeiro foi o desse domingo, diante do Avaí. O outro, contra o Joinville, no dia 3 de abril, também no Heriberto Hülse. Porém, a nota divulgada pela torcida não faz nenhuma referência ao confronto com o JEC.
“Protesto e vandalismo não são a mesma coisa”, diz Andrew
Ainda no sábado, uma outra atitude, repudiada por grande parte dos torcedores do Criciúma, acabou chamando a atenção. Já era tarde da noite quando uma pichação com a frase “Morte ao Dal Farra”, fazendo referência ao sobrenome do presidente do Criciúma, apareceu na parede da antiga bilheteria do Majestoso.
Rapidamente, a imagem foi registrada por quem passou pelo local e divulgada nas redes sociais. Na mesma velocidade da divulgação, torcedores que não compactuaram com a pichação passaram a fazer críticas ao responsável, ainda não identificado. Houve, quem, inclusive, se encarregou de apagar pichação.
Na madrugada de domingo, Luiz Gustavo Nuernberg, um dos diretores da Os Tigres, foi até o estádio e apagou parcialmente a mensagem. Ao ama-nhecer, ajudado pelo atacante Andrew, jogador do Criciúma, outro torcedor, Neno Ferreira, completou o serviço de limpeza. A atitude de Andrew foi aplaudida pelos carvoeiros.
Ele se manifestou nas redes sociais. “Quem fez isso tem que saber que protesto e vandalismo não são a mesma coisa! O estádio tem mais de 60 anos, já foi minha casa, já morei dentro dele muitos anos atrás! A frase que picharam foi de muito mal gosto! Desejar a morte de alguém quer dizer que você já está morto por dentro! Crianças, famílias iriam chegar ali para assistir ao jogo e se deparar com aquilo escrito”, publicou. A diretoria do Criciúma ainda não sabe quem foi o autor da pichação. O departamento jurídico deve se manifestar.
Com informações do site 4oito