No Brasil, acidente de trânsito é um sério problema de saúde pública, não bastassem os já existentes, porém com uma ressalva: poderia ser evitável se houvesse mais prudência, responsabilidade e respeito para com o ser humano. Os gastos com acidentes de trânsito representam um rombo nos recursos da área da saúde. De acordo com dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) nosso país é o quarto mais violento no continente americano, e o quinto no mundo com maior incidência de acidentes, segundo o Ministério da Saúde.
As causas dos acidentes de trânsito são as mais variadas, porém o consumo exagerado de bebida alcoólica quando não leva à morte, na maioria das vezes, deixa feridos incapacitados. O alcoolismo é um problema mundial, pois além de nocivo ao trânsito, é responsável por doenças crônicas, dependência, violência. Apesar de pesquisas já terem registrado a diminuição de acidentes após o advento da Lei Seca, criada há 10 anos, e de campanhas educativas de conscientização, o impacto dos acidentes de trânsito na economia e na saúde pública é uma questão preocupante.
Há uma oneração (poderia ser evitável) à rede pública de saúde, pois além do atendimento emergencial, aos acidentados é dado todo acompanhamento na recuperação, alguns por longos períodos, dependendo do grau da lesão. Mesmo com campanhas de conscientização sobre a gravidade do problema, que reduziram o número de mortos e feridos, ainda pesquisas nos mostram que a cada 12 minutos, uma pessoa morre nas estradas brasileiras, totalizando uma média de 37 mil mortes e 180 mil feridos por ano.
Além do álcool ou de qualquer outra droga que afeta a atividade física e o comportamento humano, outros fatores também contribuem para agravar ainda mais o problema: imprudência, irresponsabilidade, pouca fiscalização por parte dos órgãos competentes, desorganização no trânsito, estradas e veículos em más condições, a falta de punição aos infratores. O Sistema Único de Saúde investe bilhões no atendimento às vítimas, dinheiro que faz falta para tantos outros doentes que aguardam atendimento nas filas com doenças graves.
É necessário que sejam criadas políticas públicas objetivando a redução de acidentes no trânsito: incutir na população, tanto nos pedestres quanto nos condutores de veículos, a responsabilidade de preservação da vida; punir os infratores; fazer cumprir as leis existentes; fiscalizar concessão de licenças para dirigir; coibir de todas as formas as irregularidades; criar e aplicar legislação especifica, fiscalizando e multando severamente, pois quando a punição mexe com o bolso, as pessoas se comprometem mais. É preciso educar o cidadão para o trânsito.
Contudo, vale lembrar que o Brasil é considerado um dos países mais rigorosos em relação ao álcool e direção, pois conforme relatório da ONU “somos o único país, entre os mais populosos, que tem leis para direção sob efeitos do álcool, uso obrigatório de capacetes, cintos de segurança e cadeirinha para crianças”. Mas, mesmo assim, ainda somos o quinto do mundo em fazer vítimas pela imprudência no trânsito.