O recurso de 20 mil reais possibilitará a concretização do projeto que, em resumo, propõe a produção de sandálias tipo havaianas, por parte dos reeducandos da Penitenciária Sul de Criciúma.
Agentes da Pastoral Carcerária da Diocese de Criciúma receberam uma boa notícia no início desta semana. O projeto social “Novos Caminhos” foi um dos escolhidos pelo Departamento Social da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) dentre as muitas iniciativas que, a partir deste ano, receberão auxílio através do Fundo Nacional de Solidariedade, gesto concreto da Campanha da Fraternidade em todo o Brasil.
Com o tema “Fraternidade e Superação da Violência” e lema “Vós sois todos irmãos” (Mt 23,8), a Campanha da Fraternidade 2018 tem como objetivo geral “construir a fraternidade, promovendo a cultura da paz, da reconciliação e da justiça, à luz da Palavra de Deus, como caminho de superação da violência”. Sendo assim, a Pastoral Carcerária da Diocese de Criciúma foi contemplada no eixo 3 de classificação do FNS, que contempla projetos produtivos de “superação de vulnerabilidade econômica e geração de renda”.
O recurso de 20 mil reais possibilitará a concretização do projeto que, em resumo, propõe a produção de sandálias tipo havaianas, por parte dos reeducandos da Penitenciária Sul de Criciúma. Para isso, será adquirido maquinário específico para a confecção dos chinelos. Com o trabalho de produção das sandálias, os reeducandos irão remir suas penas e beneficiar seus familiares, que serão cadastrados por assistentes sociais e receberão as sandálias, podendo customizá-las e vender para a produção de renda, auxiliando a família e em sua própria manutenção dentro da unidade prisional.
Sustentado pelos pilares da educação, da qualificação e do trabalho em vista da ressocialização, o projeto também beneficiará entidades filantrópicas da região, com doações de chinelos, além dos próprios reeducandos que utilizarão o único tipo de calçado permitido dentro da instituição. “O projeto Novos Caminhos foi desenvolvido pela Pastoral Carcerária com o objetivo de ressocializar o reeducando, através do trabalho. Entendemos importante o trabalho do reeducando, pois valoriza-o como pessoa e, assim, o qualifica para quando deixar o sistema prisional – um retorno saudável à sociedade, que é um fator relevante para diminuição da reincidência”, pontua o responsável pela execução do projeto, o advogado e agente da Pastoral Carcerária, Dr. Heron Bristot Bernardo.
Antes do trabalho, haverá sempre palestras motivacionais. O projeto será realizado dentro da Unidade, de segunda à sexta-feira, das 08h às 12h e das 13h às 17h. Inicialmente, o trabalho será realizado por cinco reeducandos, que serão monitorados por chefes de oficina – profissionais contratados pelo Estado. Centenas de pessoas devem ser beneficiadas com o projeto, com período de execução programado para 30 de novembro de 2018 até 30 de julho de 2019.
Iniciativa tem o apoio de Dom Jacinto
A instituição responsável pela captação do recurso é a Diocese de Criciúma, na pessoa do Bispo Diocesano, Dom Jacinto Inacio Flach. “O serviço da Pastoral Carcerária é um trabalho do qual nós nos orgulhamos bastante, pois marcamos presença e vemos que, realmente, é um trabalho bonito. Eu, pessoalmente, vou até as unidades prisionais e vejo, tanto na feminina, como na masculina, que uma boa porcentagem, lá dentro, trabalha. Isso é um trabalho de humanização, porque as pessoas, depois, saindo dali, têm profissão e se sentem valorizadas. É um trabalho que faz a diferença: se nós colaborarmos para que eles realmente possam trabalhar dentro do presídio, eles vão, ali, se humanizar. Eu dou testemunho, pois vou algumas vezes durante o ano e sei que as penitenciárias são bem mais humanizadas do que a gente ouve, em muitos lugares. É investido na pessoa humana, com dignidade e, por isso, nós valorizamos e apoiamos este trabalho que é realizado em vista da ressocialização deles”, destaca Dom Jacinto.
Fundo já auxiliou outro projeto em Criciúma
Recentemente, outro projeto dentro do território diocesano foi beneficiado pelo Fundo Nacional de Solidariedade: a Casa de Assistência ao Egresso Definitivo da Comarca de Criciúma. Por duas vezes, a CNBB, por meio do FNS, destinou recursos para as obras da casa: na primeira vez, para a parte hidráulica da edificação; na segunda, auxiliou na aquisição de móveis.
O que é o Fundo Nacional de Solidariedade?
A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), reunida em sua 36ª Assembleia Geral (1998), instituiu o Fundo Nacional de Solidariedade (FNS) e o Fundo Diocesano de Solidariedade (FDS), com o objetivo de promover a sustentação da Ação Social da Igreja Católica no Brasil. A Coleta Nacional da Solidariedade acontece todos os anos como gesto concreto Campanha da Fraternidade. A composição do fundo acontece da seguinte forma: 60% do total arrecadado, na diocese, constituem o Fundo Diocesano de Solidariedade (FDS), gerido pela própria diocese, em vista dos seus projetos sociais. 40% do total arrecadado, em cada diocese, constituem o Fundo Nacional de Solidariedade (FNS), gerido pelo Departamento Social da CNBB, sob a Orientação do Conselho Gestor do FNS.
Colaboração: Comunicação Diocese de Criciúma