Esta semana dois fatos entristeceram a nação brasileira: o incêndio no Museu, que levou embora toda trajetória histórica do país, e a divulgação do resultado da avaliação do ensino pelo MEC, que mostra a decadência da intitulada “Pátria educadora”, ambos por negligência do poder público.
Há anos estamos acompanhando a deterioração do ensino brasileiro. Estamos formando gerações de analfabetos funcionais com a aprovação automática, com a banalização do conteúdo escolar, com a desvalorização dos professores, tudo objetivando a produção de estatísticas fantasiosas. Ouvimos incansavelmente nos discursos políticos que o analfabetismo no país vem sendo erradicado a passos largos, porém na hora de uma avaliação o desempenho é desastroso.
Sempre que divulgadas as avaliações em nível nacional e internacional somos expostos a vexames. Quanto mais tempo na escola, menos aprendizagem adquirida. Nossas crianças estão cada vez mais aprendendo menos. O país está em débito com nossas crianças e jovens. Não está dando a eles a única chance de uma vida melhor: educação de qualidade. É preciso que pais e alunos acreditem que para terem uma vida melhor precisam educação de qualidade, e parem de fingir que estão satisfeitos com as escolas que têm.
O Sistema Nacional de Educação Básica – Saeb, é um instrumento de avaliação aplicado para detectar distorções e avanços no processo educacional, objetivando corrigi-los. No entanto, a cada ano os resultados são piores. Dos alunos de terceiro ano de Ensino Médio avaliados, aqueles que frequentarão a universidade em 2019, apenas 1,62% demonstrou aptidões, segundo critérios adotados pelo MEC.
Isso significa dizer que de 1,4 milhão de estudantes que fizeram a prova, apenas 20 mil possuem nível adequado de aprendizagem (“raspando ou batendo na trave”). Os piores resultados aparecem em Português e Matemática. Povo que não sabe ler e nem calcular é incapaz de ser bem-sucedido na vida; é povo dominado. Daí se entender por que o país se encontra nesta situação. Nosso Ensino Médio não evolui desde 2009. Num mundo de mudanças aceleradas é deprimente a realidade da educação brasileira.
Segundo declaração do Ministro da Educação Rossieli Soares: “o Ensino Médio está falido”, corre o risco de chegar ao “fundo do poço” e não está agregando conhecimento aos alunos”.
Então, o que fazer senhor Ministro? Reestruturar o Saeb? Reestruturar o currículo?
Não, não é esse o caminho. Precisamos de uma política de ensino permanente, que não mude a cada mandato, que esteja acima dos interesses e ideologias dos partidos políticos. É preciso que educação seja prioridade.
É impossível pensar em reestruturação de currículo se as estruturas da escola são inadequadas, se o corpo docente não é valorizado e preparado para as mudanças, se as famílias não têm laços fortes com a escola. É preciso parar e repensar com seriedade, pois as crianças devem ser pensadas e tratadas como seres que aprendem.
Nosso sistema educacional não fracassa por acaso, mas sim porque há interesses intrínsecos para que nada dê certo, pois bem sabemos que quanto menos habilidade o cidadão tiver, mais dificuldade terá para desenvolver seu potencial e buscar seu lugar ao mundo.