Com o acúmulo de atividades, a impressão é de que o tempo passa voando. Psicóloga clínica alerta para os perigos da vida atribulada.
A semana continua tendo sete dias, os dias 24 horas, as horas 60 minutos e os minutos 60 segundos. Nada mudou em relação a isso. Entretanto, tem sido cada vez mais comum a impressão de que o tempo está acelerado e que não conseguiremos fazer tudo o que precisamos. A psicóloga clínica Vanessa Alexandre Tezza* explica o motivo deste sentimento, uma das principais características da sociedade moderna.
“O nosso tempo cronológico não tem mudado com relação à quantidade, mas sim, com relação ao tempo biológico que se dirige às nossas emoções e toda questão cognitiva. Estamos nos tornando seres humanos acelerados demais. O excesso de informação, o avanço tecnológico e de atividades diárias faz com que o tempo na maioria das vezes seja insuficiente. Por isso, estamos sempre com pressa e ansiosos para que possamos concluir as atividades no tempo adequado às nossas necessidades”, explicou.
O momento atual é o único que temos. Contudo, conforme a profissional, as pessoas têm se esquecido de viver o aqui e agora e de aproveitá-lo intensamente. “Justamente por conta deste descompasso de tempo cronológico e biológico, ocorre uma desorganização e excesso de atribuições diárias. Um exemplo: quando saímos de carro para o trabalho, na maioria das vezes, estamos focados no local de chegada ou nos compromissos que deixamos para trás. Não vivenciamos o percurso, observando o que tem à nossa volta. Com isso, deixamos de lado essas questões tão importantes e vivencias para uma boa saúde mental. Esta é apenas uma de várias situações que passam despercebidas ao longo do dia. Acumulamos inúmeras informações ao mesmo tempo, sobrecarregando nossa mente”, alertou a psicóloga clínica.
Vanessa explica que, apesar de comum, tal comportamento não é benéfico e pode causar inúmeras consequências negativas ao nosso organismo. “Isso tem sido um gatilho há muitos anos. A ansiedade é um sintoma que antecede muitas psicopatologias associadas às doenças psicossomáticas, tais como: enxaqueca, gastrite, doenças dermatológicas, dores musculares, problemas cardíacos e entre milhares de outras doenças que poderão aparecer se não tratada desde o início a partir do seu diagnóstico. De acordo com dados da Organização Mundial de Saúde – OMS, por volta de 9,3% dos brasileiros apresentam os sintomas da patologia”, relatou.
Nestes casos, saber quando e onde procurar ajuda é fundamental. “Entender de que maneira surgem as nossas ‘pré-ocupações’ e, consequentemente, nossa ansiedade faz com a procura por profissionais seja maior. No entanto, muitas pessoas ainda resistem à psicoterapia, optando apenas pelo tratamento medicamentoso. Vale ressaltar que os tratamentos de psicopatologias precisam ser avaliados por profissionais especializados em psicologia e psiquiatria. Um complementa o outro, existem também muitas terapias que contribuem para diminuição da ansiedade. Porém, é sempre importante tratar para que ela não desenvolva outros transtornos maiores como Transtorno de Pânico com agorofobia ou sem, Transtorno de Ansiedade Generalizada, Transtorno obsessivo-compulsivo (TOC) e Fobia Social”, ressaltou.
Confira quatro dicas de hábitos simples:
- Tenha prioridades em sua vida: é muito importante você manter um foco e dar continuidade em algo que você realmente prioriza e te faz bem;
- Tenha uma agenda: esse é um exercício bem simples e faz com que as pessoas possam se organizar, evitando possíveis aborrecimentos por questões de esquecimento e desorganização;
- Retire uma hora ou 30 minutos para você e reflita da melhor maneira: desconecte-se, tome um banho demorado, leia um livro, faça atividades que relaxem seu corpo e sua respiração. Independente de qual atividade seja, ela precisa ter como finalidade um relaxamento interior;
- Esteja sempre presente de verdade: atente-se ao que você faz e, quando perceber que está pensando em outra coisa, procure retomar ao tempo presente novamente.
*Vanessa Alexandre Tezza é psicóloga clínica, inscrita no CRP 12/14600, com processo de formação e especialização em Psicodrama Clínico Organizacional e processo de formação em MBA em Gestão de Recursos Humanos.
Possui experiência em atendimento clínico, vivências grupais, recrutamento e seleção de pessoas. Atende nos municípios de Orleans e Lauro Müller e é responsável pela RH & Ação.
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