Em reunião com os prefeitos da Amrec, o secretário de Estado da Saúde, Acélio Casagrande, deu encaminhamentos para o início do serviço.
A Secretaria de Estado da Saúde vai dar suporte para que os municípios da Região Carbonífera – Amrec consigam, em até 60 dias, colocar em funcionamento o Banco de Olhos de Criciúma, estrutura anexa ao Hospital Materno-Infantil de Santa Catarina – HMISC.
O secretário de Estado da Saúde, Acélio Casagrande, trouxe para reunião com os prefeitos da Região, nesta segunda-feira (30), a coordenação do SC Transplantes, que já começa a planejar o dia a dia de trabalho no local. A Secretaria vai agilizar materiais e insumos, além de ceder o médico coordenador, um enfermeiro coordenador e a equipe de logística.
O custo restante será rateado entre os municípios da Amrec, que ainda estudam a forma como poderão fazer o repasse ao Município de Criciúma, que por sua vez pagará o gestor do Banco, possivelmente o Instituto Desenvolvimento da Educação e Assistência à Saúde – Ideas, que já administra o HMISC. Os municípios deverão contribuir com três técnicos de Enfermagem, um enfermeiro e mais um médico.
Tecido de qualidade
O que vai mudar para os pacientes do Sul com o funcionamento do Banco de Olhos de Criciúma, segundo o coordenador da Central SC Transplantes, Joel de Andrade, é que todo o tratamento da córnea coletada na Região será feito em Criciúma e não mais em Florianópolis.
“Com esta reunião na Amrec decidimos iniciar o planejamento executivo do Banco de Olhos de Criciúma, dentro da estrutura já montada no Hospital Santa Catarina, com responsabilidade técnica compartilhada entre médicos e enfermeiros de Florianópolis e de Criciúma. A principal mudança é que o tecido ocular será captado e processado em Criciúma. Até o momento as doações de córneas feitas em Tubarão, Criciúma e Araranguá são levadas a Florianópolis e processadas no banco de tecido ocular da própria Secretaria de Estado da Saúde, retornando para o Sul para transplantes. O que esperamos com o início do funcionamento do Banco em Criciúma é que aumente a qualidade do tecido, porque este tecido não vai ‘viajar’”, explicou.
Necessidade da estrutura no Sul
Apesar de a fila de espera por transplante de córnea não são tão expressiva em Santa Catarina, o coordenador do SC Transplantes lembrou que existe a necessidade de outro Banco, porque hoje, basicamente, a atividade está restringida a Joinville, no Hospital Municipal São José; a Florianópolis, num banco que funcionava no hospital e agora foi trazido para a Central de Transplantes; e um banco que está no Oeste. “No Sul, o Hospital São José é hoje um dos hospitais que têm melhor perfil de doação no Estado”, salientou Andrade, ressaltando que com 30 doações por mês o Banco de Olhos de Criciúma terá equilíbrio entre receita e despesas.
HSJ mostra interesse em fazer transplante renal
Atualmente, as pessoas que precisam de transplante de rim pelo SUS na Região precisam se deslocar para Blumenau. Dentro da proposta de regionalização da Saúde, defendida pelo secretário Acélio Casagrande, o Governo do Estado dará todo o apoio para que o Hospital São José – HSJ, de Criciúma, também ofereça o serviço. O pedido já foi feito ao Ministério da Saúde e o HSJ manifestou interesse. Agora a proposta passará por avaliação da Comissão Intergestores Bipartite – CIB.
Conforme o coordenador do SC Transplantes, boa parte dos rins doados hoje em Santa Catarina vão para fora do Estado por não haver equipe para transplantar, por isso, o apoio do SC Transplantes para que o São José faça estes procedimentos.
O secretário de Estado da Saúde reforçou aos prefeitos a proposta de oferecer diferentes especialidades médicas no Sul. “Contem comigo ao que for necessário para que consigamos deixar os pacientes da Região na Região. O ano eleitoral está aí e o discurso de todos os candidatos será: vamos acabar com a ‘ambulancioterapia’. Mas, como que se retira as ambulâncias das estradas? É criando serviços em cada região, e é o que estamos fazendo. O mutirão de cirurgias nos municípios do Sul é um exemplo. São quase R$ 5 milhões que estamos fazendo em cirurgias eletivas. É algo que está retirando estes pacientes da fila de espera”, salientou Casagrande.
Esforços para abertura da ala materno-infantil em setembro
Outro assunto em pauta na reunião desta segunda-feira foi a efetiva abertura da ala materno-infantil do Hospital Santa Catarina – HMISC. O secretário Acélio Casagrande definiu com a Prefeitura de Criciúma um cronograma de ações. “Fizemos um convênio para concluir a Central de Material Esterilizável – CME. A data de entrega das propostas de preço pelas empresas interessadas, além da abertura dos envelopes, é neste dia 3 de maio”, explicou o secretário.
A Secretaria de Estado da Saúde, por meio de convênio com o Município de Criciúma, vai repassar R$ 1,1 milhão para conclusão da CME. O serviço é a reforma e ampliação de 495,05 metros quadrados do prédio.
Ainda conforme Acélio Casagrande, toda a UTI Neonatal, que hoje está na parte antiga do prédio, irá para a parte nova. “Assim, teremos uma maternidade de alto risco com quatro salas cirúrgicas, 40 leitos de maternidade e mais a UTI Neonatal, tudo no prédio novo”, comentou.
Não há prazo exato para que toda a nova ala esteja em funcionamento por causa dos processos licitatórios de compra de equipamentos, da obra, entre outros, que podem sofrer pedidos de impugnação pelas empresas concorrentes. Porém, segundo Casagrande, se não houver atrasos durante as licitações, estima-se que até final de setembro é possível ter a maternidade de alto risco funcionando no Santa Catarina.
Transferência da maternidade do São José
Com relação ao custeio de todo este novo serviço no HMISC, o Estado e o Município de Criciúma estão elaborando planilhas, levando em conta a maternidade do Hospital São José, que será transferida para o Santa Catarina. “Com a UTI Neonatal passando para a parte nova do prédio, automaticamente o custo vai migrar para o Estado. A maternidade e o centro cirúrgico da mesma forma. Então, será um compartilhamento de gestão, entre Estado e Município. Estamos juntos para colocar este hospital de pé”, reforçou Casagrande.
Justiça com a tesouraria
O prefeito Clésio Salvaro lembrou que o que vem do governo federal para o Santa Catarina é R$ 252 mil e o
Município de Criciúma aporta R$ 1 milhão por mês. “Sabemos que o Pronto Atendimento é de nossa responsabilidade, mas internação clínica e a UTI Neonatal foge um pouco da competência constitucional do Município. O que estamos construindo com o secretário Acélio Casagrande, da gestão compartilhada para tocar o hospital, é uma questão de justiça que se faz com a tesouraria do Município de Criciúma e com a Saúde do Sul do Estado. Nisto entra a questão do descredenciamento da maternidade do Hospital São José, que irá para uma ala nova, um centro novo, que é a maternidade do Santa Catarina”, comentou Salvaro.
Contratualização do Hospital São José
Também na segunda-feira, após o encontro com os prefeitos da Amrec, o secretário de Estado da Saúde, Acélio Casagrande, acompanhado do gerente Regional de Saúde, Fernando de Fáveri, esteve com a direção do Hospital São José – HSJ para discutir a parte que cabe ao Estado na contratualização e plano operativo com a instituição. Da parte do Governo do Estado com o hospital o acordo está concluído. Agora, os trâmites seguem entre HSJ e o Município de Criciúma, que é o gestor do contrato. “Depois de duas horas de reunião, fechamos o contrato. Continua em discussão com relação aos valores do Município”, pontuou o secretário.
Colaboração: Bruna Tomé Borges