Em um meio onde homens são a maioria e a força bruta se faz presente, a beleza e a delicadeza de uma jovem mulher chamam a atenção e atraem a admiração. Assim começou a ser a vida da caminhoneira Aline Ouriques, de Tubarão, que fez da paixão pela estrada a sua profissão.
Filha de agricultores, a tubaronense de 28 anos conta que o pai tinha caminhão. “Desde pequena eu andava com ele para todos os lugares. Então comecei a gostar ainda na infância. Eu via aqueles caminhões gigantes passarem na BR e amava”, lembra Aline. O tempo passou, Aline se formou em Administração de Empresas, mas sentia que faltava algo para sua felicidade. “Até que um dia, analisando a minha vida e o que eu queria mudar, tive a ideia de comprar um caminhão e abrir uma transportadora”, diz.
No início, segundo ela, a família não aprovou a ideia. “Devido à crise no país, minha família achou que fazer um investimento alto assim não era muito bom. Mas persisti, até que eles cederam, e hoje, além de gostarem, me apoiam demais”, comemora.
E engana-se quem pensa que a robustez de um grande caminhão amedronta Aline ou vai de encontro a tanta feminilidade e delicadeza. Do alto de seu 1,60m, ela dirige uma carreta Scania G 380, com carga de grãos, por quase todo o país. “Faço duas viagens por mês, com duração de 10 a 12 dias na estrada”, pontua.
Para Aline, ser caminhoneira é mais que a profissão que escolheu há dois anos, é um divertimento e um aprendizado constante. “Sou muito bem recebida em todos os lugares aonde vou e também pelos meus colegas de estrada. Aprendi muita coisa com os caminhoneiros mais velhos, que me tratam como filha. Aprendi onde posso dormir, onde tem frete bom, contato de empresas de cargas. Aprendi até como passar na lama e não deixar o caminhão atolar”, conta.
Ela diz que a única parte ruim é ficar bastante tempo longe de casa. Para amenizar a saudade, leva sempre junto sua companheira fiel: a cachorrinha Belinha. “Não aguento ficar longe dela e sempre trago comigo. É minha parceirinha”, afirma. “Mas gosto bastante de viajar e quando estou em casa por mais de quatro dias já fico entediada e quero viajar novamente”, destaca.
Perigos na estrada
Sobre medos, curiosidade e dia a dia, Aline diz que quando começou sentia mais medo de assaltos, mas agora já aprendeu sobre os lugares perigosos e os horários certos. Além disso, prefere andar em comboio com os amigos. “Assim é menos perigoso”, avalia. Ela ainda destaca alguns fatos curiosos nas andanças que faz Brasil afora.
Cuidados com a beleza e o dia a dia mostrado nas redes sociais
Aos 28 anos, com 1,60m, Aline Ouriques se destaca pela beleza física e delicadeza em um mundo tão masculinizado como o de caminhoneiros. A dureza das estradas é rebatida com feminilidade pela tubaronense, que não abre mão dos cuidados com o corpo.
“Sempre que eu chego de viagem, faço exercícios físicos em casa e também vou à academia. Além disso, vou ao salão de beleza. Enfim, quando eu chego em casa, eu levo o caminhão pra lavar e ficar bonito, e faço o mesmo comigo”, ressalta.
Mesmo com a beleza chamando a atenção, Aline garante que nunca foi assediada por nenhum caminhoneiro. “Eles são muito educados quando me veem. Pedem pra tirar foto, convidam pra tomar café. Não só eles, mas também outras pessoas que acabam me reconhecendo das redes sociais. Todos me tratam com muito respeito”, garante.
Ela também não sente preconceito vindo de ninguém que encontra e afirma que a única mensagem que recebe é de admiração. “Comecei a colocar nas redes sociais o meu dia a dia e percebi que o pessoal curte muito. As pessoas adoram, e por onde vou todo mundo faz festa. A melhor coisa são as amizades que faço… são amizades verdadeiras”, conclui.