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A professora e colunista Ana Maria Dalsasso faz uma breve reflexão sobre a nomeação do novo diretor da Polícia Federal e os reflexos nas investigações da Operação Lava Jato.

Foto: André Dusek/Estadão

Acredito que estamos nos afastando, e muito, daquela época em que falar em Polícia Federal, juízes, Supremo Tribunal era falar de autoridade máxima em respeito, ética, responsabilidade e comprometimento. Digo isso ao analisar os últimos acontecimentos em relação ao que vem sendo feito com nomeações de cargos e as tentativas de pôr fim as investigações da operação Lava Jato que, com coragem e determinação, trouxe à tona verdades inacreditáveis ao desmascarar as poderosas quadrilhas de políticos que estão levando o país ao caos. Uma operação que é uma verdadeira revolução na relação entre poderosos e impunidade, mas que está com seus dias contados.

A recente nomeação do diretor da Polícia Federal é um alerta… O que podemos esperar de um diretor da Polícia Federal, nomeado por um presidente investigado, indicado por um grande corrupto chamado José Sarney, que afundou o país quando o teve sob sua gestão, permaneceu durante 60 anos exercendo cargos públicos, hoje investigado por corrupção, mas continua nos bastidores dando as coordenadas, dirigindo os destinos do país?

Somando-se a esse, o aval de outros tantos políticos influentes e corruptos denunciados pela Lava Jato, fica óbvia a intenção: pôr um fim na operação que deu ao povo a esperança de que a impunidade seria banida no país, pelo menos em parte.

Que autonomia terá para fazer as mudanças necessárias e ajudar a colocar o país nos trilhos, restabelecer a ordem, buscar a credibilidade perdida, com uma nomeação patrocinada por caciques corruptos, aos quais deverá obrigação?

Não se questiona aqui a competência do cidadão, mas sim a obediência que terá de prestar aos seus padrinhos.

O primeiro discurso proferido por Fernando Segóvia deixa-nos apreensivos quando afirma: “ uma mala de dinheiro talvez não dá toda a materialidade criminosa que a gente necessitaria para resolver se havia ou não crime, quem seriam os partícipes e se haveria ou não corrupção”, ao referir-se à mala carregada por Rodrigo Rocha Loures, pilar principal na acusação contra Temer por corrupção passiva.

Junte-se ao eloquente discurso a declaração de que a Operação Lava Jato deverá concluir suas investigações antes do início do processo eleitoral, ficando evidente que sua nomeação veio com um objetivo claro e definido: proteger seu padrinho. Afirma que a corrupção é sistêmica, mas não nos passa a confiança de que será imparcial em suas atitudes.

Enquanto isso é divulgada a pesquisa realizada pelo UNICEF com crianças e adolescentes de 14 países, e o Brasil é destaque negativamente, mostrando que nossas crianças temem a violência e não acreditam nos políticos. Mas, como acreditar se são as maiores vítimas deste sistema podre?

De acordo com a pesquisa, 82% das crianças e adolescentes brasileiros apontam a violência contra eles como a maior preocupação, não veem perspectivas para o futuro, estão perdendo a esperança. O que dizer a elas então, se os adultos em quem deveriam buscar proteção não lhes são confiáveis?

Não temos NADA a dizer-lhes… Estamos todos inseguros. Em nosso país tudo é imprevisível.

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