Sem perspectiva. Foi assim que ficaram pelo menos cinco famílias que não tinham para onde ir depois de serem retiradas do loteamento clandestino Novo Horizonte, que foi desocupado ontem, em Laguna, em função de uma decisão judicial.
Instaladas no salão da Paróquia São Pedro Apóstolo, em Cabeçudas, as cerca de 20 pessoas levaram seus poucos pertences e foram acolhidas pela igreja, onde aguardam uma definição sobre sua situação. Outras três famílias também estavam sendo esperadas para se instalarem na igreja.
O padre Bantu, pároco do local, aponta que acolheu as famílias depois de fazer contatos com a Câmara de Vereadores de Laguna, a prefeitura e a secretaria de Assistência Social. “Eu já havia sido procurado por uma pessoa que me falou dessa situação e fui buscar alguma ajuda para solucionar. Como chegou o momento da desocupação e nada tinha mudado, recebemos essas pessoas na igreja”, conta o padre.
Segundo ele, em conversa com a Assistência Social da Prefeitura, foi informado que essas famílias foram selecionadas para receber o aluguel social e que o problema de moradia para elas deve ser resolvido nos próximos três dias.
“Um teto essas pessoas terão, pois vamos recebê-las aqui. No entanto, me preocupo com banho, comida, acomodação. Não tem como permanecer nessa situação. Entre as pessoas que estão aqui, há um bebê de um mês e uma senhora que não enxerga bem. Isso nos preocupa”, pontua o padre.
A reportagem entrou em contato com o prefeito Mauro Candemil, pelo celular, para saber informações sobre o encaminhamento que será dado às famílias, mas ele não atendeu o telefone. Já o celular da secretária de Assistência Social, Fátima Figueiredo Duarte, estava desligado.
Muitos moradores seguiram para as casas de familiares e amigos
A desocupação do loteamento irregular Novo Horizonte começou ontem pela manhã. Máquinas da prefeitura fizeram a derrubada das casas, enquanto moradores que ainda permaneciam no local retiravam seus pertences.
Em torno de dez famílias ainda ficaram no loteamento, mesmo depois da energia e água terem sido cortadas. A retirada das pessoas se deu sem tumultos. No loteamento, moravam em torno de 120 famílias.
Muitas delas foram para a casa de parentes e amigos. Apenas oito vão receber o aluguel social, ajuda de custo da prefeitura para o pagamento de locação, fornecido por tempo determinado de seis meses.
A desocupação foi realizada por determinação judicial, já que o loteamento está localizado em terreno de propriedade da antiga Companhia de Distritos Industriais de Santa Catarina (Codisc) e é alvo de ação de reintegração de posse.
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O padre Bantu salienta que muitas pessoas compraram os terrenos acreditando que o local fosse legalizado. “As pessoas foram enganadas. Como o caso de um ex-morador com quem conversei, que gastou suas economias para comprar o terreno e depois para construir a casa e agora não tem nem onde morar”, aponta o padre.
O loteamento estava localizado entre o Posto do Binha, Estrada de Ferro Tereza Cristina e o loteamento Juliana. A última decisão judicial sobre o assunto determinou que a desocupação fosse executada em uma ação coordenada entre Estado, prefeitura, Polícia Militar e outras autoridades.
Entenda
O loteamento clandestino é alvo de uma ação de reintegração de posse da antiga Companhia de Distritos Industriais de Santa Catarina (Codisc) – logo, o governo do Estado é proprietário do terreno.
Há alguns anos, a Justiça já havia determinado a desocupação, que acabou não sendo efetuada e o prazo foi transferido várias vezes.
Segundo informações da Casan, existe um grande risco ambiental, pois o loteamento clandestino está localizado em uma área onde há um posto de captação da Casan, o que poderia comprometer o abastecimento de água de toda a cidade.
Com informações do Jornal Diário do Sul