É com tristeza que assim intitulo minha coluna da semana, pois da forma como caminha a educação no país resta-nos pouca expectativa. Afinal, não bastasse o desrespeito que sofre a classe de maneira geral, o episódio com a professora em nosso estado ganhou repercussão mundial e muitas verdades escondidas vieram à tona merecendo profunda reflexão para rápida tomada de decisão, a começar pela mudança da lei da maioridade penal.
As duras marcas do rosto e o profundo sentido das palavras da professora de Indaial retratam sua dor, que representa a de grande número de educadores brasileiros hoje, numa sociedade desigual com total inversão de valores dando espaço para surgimento de graves problemas sociais. É impossível justificar a rebeldia de um marmanjo com 15 anos que já espancou a mãe, ameaçou autoridades, bateu em colegas da escola, e agora faz sua vítima a professora, a quem deveria o máximo respeito.
O fato gerou polêmica, e como toda polêmica, prós e contras. Mas, nesse caso, é assustador ouvir alguém tentar defender o “bandidinho” alegando que ele é tão vítima da sociedade quanto à professora. Quando ouvi isso numa emissora da região não conseguia acreditar. Por acaso, a sociedade que ele vive não é a mesma que a professora vive? Ele está estressado com os problemas, mas e a professora? Ele teve uma infância difícil? Estude para ter um futuro melhor. O pai bebeu e não deu bons exemplos? Trace sua vida por outros caminhos, não repita os erros que o fizeram sofrer. Essas e outras são desculpas de vagabundo, de quem não quer nada com a vida, que não aprendeu o respeito, que os pais não ensinaram o “não”, que não o colocaram no devido lugar… Faltou limite pra este desavergonhado metido a valente.
Mas, a valentia dá lugar à covardia quando, diante da determinação da justiça para a internação, foge provando mais uma vez que o lugar dele é na cadeia. Daí a necessidade que se repense na reformulação da lei da maioridade penal. Um moleque de 15 anos nocauteia a professora no primeiro dia de aula, finge-se arrependido, mas foge da punição.
O ocorrido em nosso estado serviu para trazer à tona números assustadores sobre a violência no país. De 262 mil professores entrevistados, 22 mil já foram ameaçados e quase cinco mil já sofreram atentados à vida pelos alunos. Com esses dados o Brasil é o primeiro colocado, dentre 34 países, no ranking mundial de violência contra professores. É uma triste realidade, pois um país que não cuida da educação é um país sem futuro.
Enquanto isso, os tais Direitos da Criança e do Adolescente continuam protegendo o “menor de idade”, mas “bandido feito”, que tem sua imagem e seu nome preservados, não recebe punição, tem a lei que o protege. Mas, quem devolvera à Professora, que teve sua dignidade ferida, muito mais do que as marcas expostas no rosto, a coragem e o ânimo de voltar ao exercício da nobre profissão? Danos físicos e materiais recuperam-se, mas as marcas que ficam na alma são indeléveis.
É o fim dos tempos… Onde iremos parar?