Um acidente de trabalho, no dia 29 de março de 2015, em Orleans, foi um divisor de águas na vida de Carlos Alberto Mariotti, 43 anos, morador de São Ludgero. Passado pouco mais de um ano do ocorrido, ele ainda luta para se adaptar com a nova realidade e para lidar com os reflexos que tem causado na vida dele.
A história repercutiu nacional e internacionalmente após a notícia ter sido publicada em primeira mão pelo Portal Sul in Foco. O motivo foi a cirurgia rara, realizada na Fundação Hospitalar Santa Otília – FHSO, em Orleans, com o objetivo de evitar que a mão esquerda fosse amputada. Devido ao acidente de trabalho, ele sofreu uma lesão chamada de desenluvamento. Ou seja, a mão ficou sem a pele tanto na palma quanto no dorso, deixando expostos os ossos e os tendões.
Com isso, Carlos teve que passar 42 dias com o membro dentro ao abdômen. Sem esse procedimento, haveria infecção e necrose, sendo necessária a amputação. “Fizemos uma cirurgia para o salvamento da mão. Nós abrimos o abdômen, descolamos a pele e introduzimos a mão dele dentro do abdômen com o objetivo de conservar esses ossos e tendões vivos para que se possa fazer a cobertura da pele posteriormente”, explicou, após a cirurgia, o médico ortopedista e traumatologista, Bóris Bento Brandão.
Apenas através deste procedimento foi possível garantir a constituição do tecido que cobre os ossos e tendões. Posteriormente, foi feito o enxerto de pele. Atualmente, o médico explica que a mão está em formato de uma luva de boxe.
Recuperação
Desde meados do último ano, Mariotti realiza sessões de fisioterapia. Além disso, ele terá que passar ainda por duas cirurgias. A previsão de intervalo entre uma e outra dependerá das condições da pele dele. Bóris explica como será o procedimento.
“Primeiro, dividiremos em dois blocos: indicador e médio separados do anelar e mínimo. Em outra cirurgia, iremos individualizar todos. Esse é o plano. Temos que ter cuidado, pois toda essa pele é um retalho e enxerto. Portanto, tem circulação menor de sangue, não suportando grandes cirurgias”.
O objetivo dos procedimentos é melhorar o movimento dos dedos, os tornando independentes, tendo em vista que hoje estão em bloco. “O polegar está independente e os demais são cobertos por pele única. Após a cirurgia, como ele tem amputação parcial dos dedos, eles serão mais curtos e com menos movimentos do que o normal. Porém, terão movimentos independentes, além de contribuir também para a estética e funcionalidade”, acrescentou.
Dificuldades financeiras e psicológicas
Atualmente afastado do trabalho, Mariotti recebe auxílio doença do INSS no valor de R$ 1.017. “Mas é um valor muito baixo, pouco mais que um salário mínimo, quase metade do que eu recebia enquanto eu podia trabalhar”.
Mesmo embora nunca tivesse tido dinheiro sobrando, a família vivia em uma situação confortável, segundo ele. “Após o acidente, não sei mais o que é ir ao mercado e comprar algo que meu filho de 10 anos gosta, apenas para agradar ele, muito menos saímos para comer fora. Compramos apenas o essencial. Eu e minha esposa também não compramos mais roupas e calçados para a gente, apenas para meu filho”, contou.
Sendo assim, apesar das limitações, a intenção após as cirurgias é conseguir um novo emprego. “A minha vontade é voltar a trabalhar. Tenho segundo grau completo e me formei no técnico em contabilidade e já exerci a função, tenho diplomas. Dá também para voltar a estudar. Meu objetivo é voltar a trabalhar e ter uma renda melhor. Não quero ficar em casa e depender do benefício, isso é que está me deixando doente. Por enquanto, não consigo fazer nada”.
Por isso, ele alega que este é o maior dos problemas. “O pior é o psicológico, porque ainda não posso fazer nada ainda”, lamenta. “Tomo remédio para pressão, para dormir e antidepressivo. O médico falou que tudo isso é decorrente do acidente. Não tenho conseguido dormir, tenho ficado muito ansioso porque não vejo a hora de fazer essa segunda cirurgia. Apenas depois disso, vou saber se vou conseguir voltar a trabalhar”.
Com a renda de pouco mais de R$ 1 mil, é necessário arcar com aproximadamente R$ 300 em medicamentos, com os custos da fisioterapia e de eventuais exames, além de manter a família. “Se não fosse ajuda do meu sogro e das Secretarias de Saúde e Assistência Social de São Ludgero, seria ainda mais difícil”, disse. “Estou tomando antidepressivo e sofro muito com ansiedade por não saber de que forma conseguirei o dinheiro para a próxima cirurgia, tenho dificuldade para dormir”, acrescentou.
Os gastos com o procedimento são elevados. A cirurgia custará em torno de R$ 30 mil. Além disso, a esposa dele, Maria Aparecida Matos, 49 anos, atualmente está desempregada, tendo em vista que precisa estar a postos em casa para auxiliá-lo quando necessário. Ela faz bicos como faxineira e também prepara almoços, jantares, doces e salgados para eventos.
Os interessados em contribuir podem depositar ou transferir valores para a Conta Corrente 23.848-0, da Agência 3850, Operação 001, Caixa Econômica Federal, em nome de Carlos Alberto Mariotti, ou entrar em contato pelos telefones (48) 99606-3959 (Carlos) e (48) 99838-2249 (Maria).