Os servidores municipais de Criciúma estão mobilizados desde as 7 horas desta manhã na frente do provisório Paço Municipal no bairro Próspera. Os trabalhadores, que estão em estado de greve desde o dia 11, fazem um dia de paralisação geral no município em decorrência da proposta apresentada pela Administração Municipal e que foi negada pela categoria na última segunda-feira (22).
Os servidores ficarão reunidos durante esta segunda-feira e aguardam que o município os chamem para uma nova negociação. Às 16h30min, será realizada uma assembleia no Paço Municipal e, caso não haja nenhum avanço nas negociações, os servidores sinalizarão pela greve, que será deflagrada na próxima segunda (5).
A mobilização desta segunda-feira conta com um carro de som e dois bonecos foram colocados no portão de acesso ao Paço Municipal. Um deles é do secretário municipal da Fazenda, Robson Gotuzzo, fazendo referência, segundo os servidores, a sua folha de pagamento de R$ 50 mil. O outro boneco é do prefeito Clésio Salvaro.
Negociação
Até o momento, duas propostas foram apresentadas pelo município. De acordo com a presidente do Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Criciúma – Siserp, Jucélia Vargas, a categoria pede um reajuste de 8,3% para todos os servidores, porém, a prefeitura oferece 7,64% para o magistério e 4,57% (inflação) aos demais profissionais.
Além do reajuste, também não há acordo em relação aos benefícios ganhos pelos servidores. Segundo Jucélia, a proposta apresentada pelo governo retira benefícios conquistados pelos trabalhadores ao longo das negociações dos anos anteriores. “São vários itens negados, que para o prefeito podem não ser importantes, mas para os servidores dessa cidade, que estão servindo os cidadãos, são essenciais”, frisa.
Corte de abonos
Um dos principais pontos divergentes são os cortes dos abonos férias (servidores ativos) e natal (servidores inativos). “O valor é de R$ 463, mas agora você imagina o trabalhador que ganha pouco mais de R$ 900, esse abono é quase metade do seu salário. É quando ele pode programar suas férias com a família, comprar aquele eletrodoméstico que está faltando. O prefeito está retirando esse abono, conquistado há mais de dez anos”, frisa.
De acordo com Jucélia, Criciúma no primeiro quadrimestre deste ano teve um aumento de receita de 20 milhões em relação ao quadrimestre do ano passado. “O cálculo que o prefeito está fazendo eu não sei qual é, pois não somos nós que estamos endividando a prefeitura. Pelo contrário, pode ser gasto com folha salarial até 54% e estamos com o limite de 42%”, ressalta.
Quem recebe o abono férias são os servidores ativos. Já os inativos, que são os aposentados, recebem o mesmo valor pelo abono natal, pois como já estão fora de atuação não recebem mais férias. “Ou seja, os aposentados recebem o abono natal em dezembro e os ativos recebem o abono férias, quando retiram as suas férias. Portanto, não são dois abonos como falam”, explica Jucélia.
Impacto de R$ 9 milhões
O abono férias e o abono natal, conforme Gotuzzo, gera um impacto de R$ 9 milhões no orçamento da prefeitura em quatro anos de governo, valor considerável em um momento de crise que o país e as prefeituras enfrentam. Por este motivo também que a prefeitura concedeu o reajuste dos servidores referente à inflação.
Bolsas e licença-maternidade
Em relação as bolsas de estudos, que a prefeitura pretendia cortar de 80% para 40% na graduação e de 50% para 25% na pós-graduação, houve uma avanço. A segunda proposta mantém os valores atuais de 80% e 50% na graduação e pós-graduação, respectivamente. No entanto, segundo Jucélia, a proposta prevê que as bolsas sejam oferecidas apenas na primeira graduação, condição que o sindicato rejeita. A prefeitura voltou atrás também no corte da licença-maternidade, que reduziria de 180 para 120 dias.
Ainda de acordo com o secretário, a pauta é extensa com 61 itens, além dos subitens que somam mais de 130 pontos, alguns deles polêmicos. “Cedemos nas bolsas e na licença-maternidade. No entanto, as bolsas serão destinadas na primeira graduação. Além disso, a bolsa deve ter vínculo com as atribuições dos cargos com o qual o servidor ocupa na prefeitura”, frisa. A última greve dos servidores públicos de Criciúma ocorreu em 2010, quando a paralisação durou quatro dias.
Com informações do Portal Engeplus
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