Ontem, foram encerrados os exames feitos pelo Corpo de Bombeiros e o Instituto Geral de Perícias no Hotel Rech, em Braço do Norte, atingido por um incêndio que deixou três mortos na madrugada de domingo. A fatalidade, ainda sem causa apresentada pela perícia, trouxe à tona a falta de um dos alvarás dos bombeiros para funcionar.
O documento emitido pelo Corpo de Bombeiros venceu em 31 de março de 2016. A edificação tinha projeto de segurança e habite-se liberados em 2016. Segundo o comandante do 8º Batalhão do Corpo de Bombeiros Militar, o tenente-coronel Marcos Aurélio Barcelos, o acúmulo de trabalho e a falta de efetivo emperram a fiscalização.
“Existem duas possibilidades para fazer a renovação do alvará: a primeira é o proprietário ir até os bombeiros e realizar o pedido; e a segunda é através da nossa fiscalização. Há algumas edificações que precisam ser fiscalizadas anualmente. E outras que são fiscalizadas quando realizamos uma força-tarefa”, explica o comandante.
Contudo, segundo Barcelos, a fiscalização é comprometida na região de atuação do 8º Batalhão. “Não conseguimos dar conta. Temos o controle das edificações e quando elas estão com o alvará em atraso. Mas, como citei, não temos pessoal para atender toda a demanda que nos compreende”, atesta o comandante.
Barcelos explica que mesmo com o alvará em atraso os sistemas de segurança estavam instalados e funcionando na noite do incêndio. Com o fim dos exames, os bombeiros liberaram o prédio para o proprietário, que deverá se manifestar sobre o caso apenas quando o laudo oficial sobre as causas das chamas for divulgado. O prazo é de 20 dias. Uma das hipóteses é de que o fogo tenha começado na lanchonete, no piso térreo.
Testemunhas começam a ser ouvidas
Paralelamente às investigações do Corpo de Bombeiros e IGP, a Polícia Civil de Braço do Norte instaurou inquérito para apurar os fatos. De acordo com o delegado responsável pelo caso, Cristiano Léo Fabiani, testemunhas começaram a ser ouvidas. “Também já tivemos contato com os bombeiros e a perícia”, informa Cristiano.
O delegado diz que prefere não se manifestar sobre as investigações. “Tenho o prazo de 30 dias para conclusão”, diz. Sobre uma possível responsabilidade quanto à falta de alvará do hotel, o delegado afirma que ainda é cedo para apontar acusados.
Pelos menos duas pessoas que estavam no hotel e conseguiram ser retiradas permanecem hospitalizadas. Em Braço do Norte, um dos hóspedes seguia com o quadro de saúde estável. Já o segundo, o pai da menina Yasmin Streger, de 13 anos, morta no incêndio, foi encaminhado ao Hospital Nossa Senhora da Conceição, em Tubarão, e seu estado de saúde não foi informado.
O incêndio
O fogo no Hotel Rech, que fica no Centro da cidade, perto da igreja matriz, começou por volta das 2h30 de domingo, no andar térreo, e se espalhou até o primeiro andar. Sem acesso à porta de saída, os hóspedes ficaram presos nos pavimentos tomados por fumaça e fuligem. Alguns dos sobreviventes contaram que precisaram pular das janelas para se salvar. O incêndio deixou três mortos: Yasmin Streger, de 13 anos, Cristina Schimitt, de 59, e Alexandre Frontino, de 32, que morreram asfixiados.
Com informações do Jornal Diário do Sul