Antonio Gavazzoni, Gelson Merisio, José Nei Ascari, Cesar Souza Junior e Dalírio José Beber também foram citados.
Em documentos liberados na tarde desta quarta-feira (12) sobre depoimentos dados por ex-executivos da Odebrecht ao Ministério Público Federal, dois delatores citaram o governador Raimundo Colombo (PSD) no esquema de irregularidades investigadas pela Operação Lava Jato, além de outros políticos do partido em Santa Catarina.
Conforme as delações, Colombo teria pedido dinheiro para campanha. O Superior Tribunal de Justiça (STJ) ainda analisará se investigará ou não o governador.
Em nota, o governo de Santa Catarina afirma que “conforme foi informado desde a primeira vez, a empresa Odebrecht não tem nenhum contrato, obra ou projeto com o Governo do Estado de Santa Catarina, não tendo sequer participado de licitações desde o início da atual administração em janeiro de 2011”.
O governo destacou ainda que todos os citados na delação ainda não tiveram acesso aos documentos liberados pelo ministro do Supremo Tribunal Federal, Edson Fachin, e que, em momento e fórum oportuno estarão, como sempre estiveram, à disposição da Justiça para todos os esclarecimentos que forem solicitados.
Delação do ex-diretor da Odebrecht Ambiental, Fernando Cunha Reis
O ex-diretor da Odebrecht Ambiental Fernando Cunha Reis afirmou que foi apresentado a Raimundo Colombo, na época senador, em um jantar no apartamento de Ênio Branco, atual diretor da Celesc, em 2010.
Disse que, no mesmo ano, Colombo pediu R$ 2 milhões em contribuição de campanha não contabilizada, em um encontro na sala VIP do Aeroporto de Congonhas.
Nessa ocasião, falou do interesse em fomentar a participação do setor privado na Celesc, nos portos e no setor de saneamento.
O delator confirmou que Colombo recebeu o codinome Ovo na operacionalização do pagamento por parte da Odebrecht.
Disse que, em agosto de 2012, Colombo convocou o então diretor da Odebrecht para uma reunião no gabinete do Centro Administrativo do Governo do Estado, na qual expôs a necessidade de eleger o prefeito de Florianópolis Cesar Souza Junior (PSD). Para tanto, o próprio governador pediu R$ 3 milhões em contribuição não contabilizada.
Em dezembro de 2013, o governador convidou o ex-executivo para um almoço privado no Palácio da Agronômica, explicou que não tinha conseguido viabilizar as privatizações, mas disse que faria no segundo mandato e pediu R$ 5 milhões, apresentando José Carlos Oneda como o responsável pela arrecadação da campanha. Oneda é o atual diretor de finanças e relações com Investidores da Celesc. Ele não foi localizado pela RBS TV.
Em agosto de 2014, o ex-diretor da Odebrecht disse que encontrou o atual Secretário de Estado da Fazenda, Antonio Marcos Gavazzoni, e que pediu R$ 2 milhões em contribuições não contabilizadas para a reta final da campanha. O encontro foi em um restaurante da capital.
No depoimento ao Ministério Público Federal, Fernando Cunha Reis disse que perguntou a Gavazzoni se o governador sabia do pedido, e ele confirmou que sim.
Segundo o delator, o responsável por receber o valor foi André Agostini Moreno, indicado como primo do governador.
Posição dos citados
Ênio Branco disse que “as informações divulgadas estão sendo avaliadas para entender o contexto e, oportunamente, vai se manifestar”.
A assessoria do atual secretário de Estado de Assuntos Estratégicos, Cesar Souza Junior, disse que ele jamais manteve qualquer relacionamento com a empresa citada.
José Carlos Oneda não foi localizado.
O atual Secretário de Estado da Fazenda, Antonio Marcos Gavazzoni, também foi procurado, mas não se manifestou pessoalmente sobre a citação. Informou que sua posição é a que foi enviada pelo governo do estado.
Delação do ex-diretor da divisão sul da Odebrecht, Paulo Roberto Welzel
Em sua delação, o ex-diretor da divisão sul da Odebrecht, Paulo Roberto Welzel, confirmou as denúncias do superior hierárquico Fernando Cunha Reis. Ele também fala sobre a reunião na sala VIP do Aeroporto de Congonhas, onde Raimundo Colombo teria pedido R$ 2 milhões.
Como atuava diretamente na região Sul, ressaltou ter participado de reuniões na SC parcerias com o objetivo de tratar da venda de ativos da Companhia Catarinense de Águas e Saneamento (Casan).
Em uma dessas reuniões, tomou conhecimento do encaminhamento de um projeto de lei, encaminhado pelo governo, para mudar a constituição estadual e facilitar a privatização.
Disse que durante essas negociações, em 2012, conheceu o senador Dalírio Beber (PSDB), que então era presidente da Casan.
Paulo Welzel relata ainda que em 2014 recebeu do secretário da Fazenda, Antonio Gavazzoni, o pedido de contribuição para a campanha de dois candidatos a deputado estadual.
Segundo o delator, eram R$ 500 mil para Gelson Merísio (PSD) e outros R$ 500 mil para José Nei Ascari (PSD).
O que dizem os citados
Em nota, os deputados estaduais Gelson Merisio e José Nei Ascari informam que não existem sobre eles quaisquer procedimentos investigativos instaurados, em qualquer esfera do poder judiciário, relativo aos fatos da Lava Jato. Na próxima semana, devem apresentar todos os documentos oficiais que comprovam a inexistência de qualquer procedimento investigativo.
Beber afirmou não ter tido acesso ao processo. “Recebo com surpresa a inserção do meu nome no rol dos investigados. Não tive, até o presente momento, qualquer acesso ao processo para conhecer o conteúdo do que me é atribuído. Rechaço com veemência toda e qualquer denúncia de prática de ilícitos. Estou indignado, mas absolutamente tranquilo, pois minha consciência em nada me acusa”, declarou.
Com informações do site G1 SC