Geral

Arqueólogos encontram artefatos indígenas em obras da Serra da Rocinha, em Timbé do Sul

Trabalho faz parte do resgate do sítio arquelógico na região das obras da rodovia que liga Santa Catarina ao Rio Grande do Sul.

O Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT), por meio da Gestão Ambiental (STE S.A.), iniciou o resgate do sítio arqueológico identificado na região das obras de implantação e pavimentação do Lote 2 da BR-285/RS/SC, no município de Timbé do Sul, em Santa Catarina. O local denominado Sítio Arthur Piassoli está localizado na área onde será executado o contorno do perímetro urbano.

Lá foram encontrados artefatos utilizados por sociedades indígenas pré-coloniais em atividades de exploração agroflorestal. O salvamento, que faz parte do Programa de Prospecção e Resgate Arqueológico, é uma das condicionantes do licenciamento ambiental e tem a anuência do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN).

Os estudos começaram ainda na fase de obtenção das Licenças Prévia e de Instalação do empreendimento, em 2011, com a realização de pesquisas que indicaram vestígios de uma ocupação humana muito antiga na região.

O IPHAN recomendou então que fosse realizado o resgate destes bens arqueológicos e ainda o monitoramento das obras de instalação. A partir da ordem de início das obras em 2016, o DNIT apresentou o projeto e a equipe responsável pela execução do Programa ao IPHAN.

Após as atividades preliminares, em janeiro iniciou-se o resgate do sítio. De acordo com a coordenadora da equipe, Mariana Araújo Neumann, na superfície foram encontrados materiais de pedra lascada e polida denominados artefatos líticos. “O tamanho e o peso das peças nos indicam os seus usos”, afirma.

Já em laboratório as peças serão higienizadas e catalogadas individualmente. Mariana explica que a análise apontará mais detalhes sobre a função e a matéria-prima dos artefatos. “Para reconstruir essa história, conseguimos visualizar mentalmente o grupo indígena realizando essa atividade de manejo da floresta.”

Material em exposição

O acervo coletado ficará exposto na instituição de apoio do projeto, a Universidade do Extremo Sul Catarinense (UNESC), de Criciúma/SC, a qual desenvolve pesquisas sistemáticas sobre ocupações indígenas na região. “A gente sabe o que aconteceu em cima e embaixo da serra, mas dentro dela falta documentação”, destaca a arqueóloga, lembrando que existe uma lacuna em relação à pré-história do interior dos cânions.

"O sítio em que estamos trabalhando é uma ocupação indígena, no entanto, nesta região também é importante a pesquisa da cultura do tropeirismo, cujos vestígios históricos também estão sendo registrados.” Ela também ressalta que a pesquisa arqueológica é recente no Brasil – os primeiros projetos são da década de 1960 – e que os estudos foram impulsionados pela instalação de empreendimentos licenciados. “O licenciamento ambiental permitiu conhecer muito do passado do Brasil e reconstruir nossa história com outro ponto de vista”.

Além do resgate, a equipe realizará o constante monitoramento arqueológico para localizar evidências não identificadas na ocasião do diagnóstico. Para isso, são realizadas atividades como o caminhamento da área total para verificação da superfície e o acompanhamento das frentes de obras.

Os resultados e o conhecimento adquirido serão compartilhados com a comunidade por meio do Programa de Educação Patrimonial, o qual contará com palestras, visitas aos trabalhos de escavação e diálogo permanente durante o monitoramento.

Todas as atividades visam ao mesmo fim: proteger, preservar e promover o patrimônio arqueológico e cultural, evitando a sua destruição e garantindo o acesso de todos os cidadãos ao conhecimento e à memória nacional.

Colaboração: Amanda Montagna – Jornalista da STE

[soliloquy id=”205379″]