Turismo

Projeto prevê retorno ao Sambódromo, em Laguna

Foram três anos sem desfile de escolas e blocos carnavalescos no sambódromo de Laguna. No próximo ano, carros alegóricos, baterias notas 10, harmonia, sambas-enredos, cores vibrantes nas fantasias e as elegâncias dos mestres-salas e porta-bandeiras retornarão ao local, inclusive com as históricas disputas. A confirmação é do secretário de Turismo, Lazer e Comunicação da prefeitura, Iberê Aguiar Jaques.

Um projeto planejado e de responsabilidade de técnicos da prefeitura, principalmente de profissionais da pasta citada e da Fundação Municipal de Cultura de Laguna, ficou pronto e será encaminhado à Secretaria de Estado do Turismo, Cultura e Esporte – SOL, no início desta semana. Inaugurado em 2007, o sambódromo estava próximo de se tornar mais um dos milhares de elefantes brancos no Brasil.

A expressão remete às obras financiadas e construídas com dinheiro público, e que nunca foram utilizadas pela população ou deixaram de ser, como o sambódromo lagunense, que tem 4,1 mil metros de área construída, uma pista de 196 metros de comprimento e arquibancadas que podem comportar até oito mil pessoas. Ainda conta com estacionamento para 200 veículos e oito camarotes.

Nesses últimos três anos, o único fator positivo de uso deste espaço público foi a economia com o aluguel de um imóvel para acomodar a Agência de Desenvolvimento Regional – ADR, que funciona anexo à obra destinada para o samba.

Organização será mais completa

Com o projeto Carnaval 2017 pronto, inclusive as datas e propostas financeiras para as cinco escolas de samba e 14 blocos carnavalescos de Laguna, a organização para a maior festa da cidade no próximo ano deve ser bem mais completa, o que resultará em um atrativo muito mais profissional para moradores, veranistas e turistas.

“Com este documento pronto, nosso principal objetivo, claro, além de entregar ao governo do estado nos próximos dias, é proporcionar a utilização da matéria-prima do município para a confecção das fantasias e de produtos para os carros alegóricos. Também é possível gerar empregos com a contratação de artistas locais”, pontua Iberê.

Outra notícia muito comemorada pelos organizadores é a aprovação da prestação de contas do Carnaval deste ano. “Independente de uma possível mudança de gestão na prefeitura para o próximo ano, temos a obrigação e tínhamos o compromisso em concluir este projeto. Deixaremos tudo pronto”, complementa o secretário.

O projeto também detalha o Carnaval de rua, a manutenção de desfiles em vias do Centro Histórico e a mudança de fluxo dos trios elétricos, com saída da Praça Seival, nos Molhes, em vez da partida da Praça do Iró. O trânsito também deverá mudar, com sentido único em algumas avenidas, como a Senador Gallotti. “Além disso, tentamos a disponibilidade de dois grandes estacionamentos, para melhor acomodar o público”, adianta Iberê.

Planejamento e união

Representantes das ligas das escolas de samba e dos blocos, das forças de segurança, como polícias Civil, Militar, Corpo de Bombeiros e Guarda Municipal, também foram contatados para a conclusão do Projeto Carnaval Profissional Laguna 2017. Todo este planejamento é necessário, segundo o prefeito Everaldo dos Santos, devido aos números apresentados entre os últimos dias 4 a 9 de fevereiro, quando a Terra de Anita Garibaldi recebeu, segundo a PM, quase um milhão de foliões.

Um pouco de história

A história do Carnaval em Laguna começa nos primeiros anos do século 20, por influência do Rio de Janeiro, capital do Brasil na época. O município era uma cidade portuária, a comunicação de porta a porta trazia as tradições.

“Muitos trabalhadores comentavam sobre o carnaval no Rio de Janeiro e, a partir dessa troca de informações, o lagunense iniciou as brincadeiras carnavalescas e a cidade começou a realizar a festa”, retrata o historiador Antônio Carlos Marega.

No início, surgiram os primeiros blocos carnavalescos, os bailes nos clubes da cidade e os famosos “corsos”, onde as pessoas se fantasiavam, decoravam seus veículos e desfilam pelas ruas.

Com fantasias criativas, os blocos se multiplicavam nas décadas de 20, 30 e 40, como Pingos e Respingos, Os Respingados, Bola Preta, Bola Branca, Bola Azul, Tenentes do Diabo, Os Guaranis, Filhos de Neputano, Diabo a Quatro, Pingo de Prata, Pingo de Ouro e outros tantos animavam os clubes da cidade e as ruas. Muitos dos blocos foram raízes das futuras entidades carnavalescas.

As escolas de samba foram fundadas nos anos 40, 50 e 60 por apaixonados pelo Carnaval e admiradores da folia carioca. No início, eles desfilaram no Centro Histórico, nas proximidades da igreja Santo Antônio e também na rua Gustavo Richard, popular rua da Praia. Usavam caminhões e veículos próprios como carros alegóricos. Neste período foram criadas as escolas Amigos da Onça, Mangueira, Acadêmicos do Samba, Protegidos do Samba, Bem Amado, Unidos da Vila Esperança, Rosecler e Portela, hoje estas apenas nos registros dos antigos carnavalescos.

Investimento

Os recursos do governo do estado para a realização do Carnaval foram disponibilizados somente no dia 1º de fevereiro. Praticamente na véspera da festa de Momo. O valor destinado foi de aproximadamente R$ 4 milhões para várias cidades, entre recursos do Fundo Estadual de Incentivo ao Turismo (Funturismo) e Fundo Estadual de Incentivo à Cultura (Funcultural).  Para Laguna foram R$ 640 mil destinados à infraestrutura e às agremiações carnavalescas.

Com informações do Jornal Notisul

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