Festa religiosa aconteceu na manhã deste domingo
Ao longo dos nove dias da novena e deste domingo, dia 29, a 65ª Romaria e Festa em honra a Nossa Senhora de Caravaggio, em Nova Veneza, acolheu mais de 60 mil romeiros, advindos de diversas comunidades da Diocese de Criciúma e outros municípios dos estados de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul. A maior festa religiosa da região Sul foi coroada, na manhã deste domingo, com a santa missa, às 10 horas, reunindo mais de 10 mil fiéis.
A missa foi presidida pelo bispo diocesano, Dom Jacinto Inacio Flach, e concelebrada por Dom Paulo De Conto, bispo de Montenegro (RS), que por dez anos foi bispo de Criciúma. Com a animação de padre Ezequiel Dal Pozzo, a missa foi concelebrada por mais nove padres, entre eles, o reitor, padreValdemar Carminati.
O evangelho proclamado na missa foi sobre as Bodas de Caná, quando Maria intervém junto a Jesus, que realiza seu primeiro milagre, ao transformar água em vinho. “Quantas vezes, também nós pedimos coisas, diretamente, como ela pediu ao Filho. Mas ela percebe que, para nossa vida, nossas famílias, nossas comunidades, tem que pedir coisas antecipadas, antes que aconteça a falta do vinho”, disse Dom Jacinto, no início de sua homilia, a respeito de Nossa Senhora.
Dom Jacinto exaltou a peregrinação de tantos fiéis, desde cedo, até o Santuário que contém a Porta Santa. “Deus sempre conta conosco e nós temos, em nossa vida, o papel importante de colaborar na Igreja de Deus, fazer a nossa parte. Não ficamos esperando em casa. Enchemos as talhas de água. Agora, Jesus pode abençoar e transformar em vinho, ou seja, em alegria, em bênção. Com certeza, hoje à tarde ou à noite, quando voltarem para casa, todos vocês se sentirão abençoados, transformados, não em água simples, mas num vinho que traz alegria, que tem cor e sabor. Há gente que não pode vir aqui porque está doente, idosa. Eles podem receber em casa, mas nós temos que encher as talhas vindo aqui. Participar da comunidade e, com certeza, voltaremos na alegria do Senhor para nossas casas”, declarou.
Fé mesmo diante da crise
“Quando o Brasil e o mundo passam por tantas dificuldades, nós olhamos para nosso povo e vemos que a fé do povo não esmorece, seja na crise econômica, social, política, qualquer crise que venha, ou nas horas de doença, de outros problemas que podem afligir a cada um de nós, confiamos na presença querida da Mãe em nossa vida. Que ela fique sempre com sua mão sobre nós, como mãe que protege, acolhe e aquece no seu coração os seus filhos e filhas”, pediu o bispo.
Romeiros fazem pedidos e agradecimentos
As paredes do Santuário Diocesano que, em 2017, completará 50 anos de sua construção, ouvem, diariamente, diversos pedidos e agradecimentos por parte dos fiéis que confiam na intercessão da Virgem Maria, aparecida a Gianetta, em 1432, na Itália. Uma prece especial foi feita pela família da pequena Júlia Luca, de 10 anos. Os pais, Alexandre e Márcia, com o irmãozinho João, de nove meses, caminharam desde o bairro Cidade Mineira Nova, em Criciúma, para pedir pela saúde da menina.
“Viemos pedir a cura para nossa filha, que tem uma doença rara. Faz um ano que estamos lutando e os médicos ainda não descobriram qual é a doença, que está degenerando os membros. A situação física dela melhorou, mas as pernas e braços atrofiaram. No ano passado, descobrimos a doença dela na semana da festa e ela foi internada. Estávamos indo para o hospital às 6 horas da manhã e o pessoal caminhando para cá. Conversamos com Nossa Senhora e pedimos que se ela nos ajudasse, nesse ano viríamos com ela caminhando. Graças a Deus ela conseguiu vir, subiu o morro de Caravaggio. Para nós já é uma graça alcançada. Sentiu dores, veio para dentro da igreja, sentou”, disse o pai, Alexandre.
Como a família Luca, são muitos os romeiros que vem de longe, a pé. É o caso da senhora Valda Pavei, que veio em companhia da filha, Sandra, do bairro Quarta Linha. “Viemos agradecer e pedir. Já faz 15 anos que a gente vem, a pé. Andamos bastante, mais de 20 km. Temos fé e esperança em Nossa Senhora. É muito bom estar aqui, a gente se sente muito alegre, com amor, enche nosso espírito para continuar a vida. Nossa Senhora é tudo. Ninguém é nada sem a mãe”, afirmou dona Valda.
A jovem Emanuela Manganelli, também veio agradecer. “No ano passado eu fiz a caminhada como peregrina e solicitei uma graça, que era a de arrumar um emprego. Uma semana depois fui chamada pela empresa. Esse ano, só tenho a agradecer. Fazia quatro meses que estava desempregada”, conta a romeira, que veio do bairro Sangão.
A alegria de servir
Durante a festividade, mais de 600 voluntários trabalharam para atender os peregrinos. Entre eles, Albertina Spillere, que nasceu no distrito e nunca perdeu uma edição da festa. “Nasci aqui, fui anjinho, participei sempre das romarias. Hoje sou da Pastoral Catequética e ajudo a organizar os anjinhos na romaria. A emoção é grande e a gente espera sempre por esse momento, para poder ajudar na festa de Nossa Senhora. A gente vê, a cada ano que passa, a emoção das pessoas, a fé que elas têm e isso nos emociona bastante”, ressalta a voluntária.
Albertina aprendeu com a mãe a generosidade ao servir a comunidade. “Minha mãe tem 17 filhos e sempre morou em Caravaggio. Ela rezava sempre para Nossa Senhora, para não ter nenhum filho no mês de maio, para poder ajudar na festa, porque os filhos ajudavam e ela fazia comida para os padres. Ela teve filhos em todos os meses do ano, menos no mês de maio”, relata.
Colaboração: Bibiana Pignatel / Diocese Criciúma