O corpo de Valdemar Pizzone, 50 anos, foi encontrado carbonizado em 2008, no bairro Santo Antônio, em Braço de Norte.
O conselho de sentença, em votação secreta, absolveu a mulher acusada de homicídio qualificado e ocultação de cadáver pelos dois crimes, em júri popular realizado das 9h às 19h desta quarta-feira (13), na Câmara de Vereadores de Orleans.
O corpo do então marido dela, Valdemar Pizzone, 50 anos, foi encontrado carbonizado no dia 1º de dezembro de 2008, no bairro Santo Antônio, em Braço de Norte. No dia seguinte, o veículo do homem foi encontrado incinerado em Orleans. Após investigações, constatou-se que a mulher, J.A.S., mantinha um relacionamento extraconjugal com o primo dela, com iniciais R.S., pois uma carta assinada por ele foi encontrada na casa dela. Eles foram apontados como os principais suspeitos.
A promotora mostrou alguns trechos do documento, que diziam “sou seu e você é minha” e “em breve tudo estará resolvido”. Os suspeitos fugiram e, em outubro de 2009, foram encontrados em uma cidade do Paraguai. Algum tempo depois, o homem foi encontrado morto em um rio, no Paraná, após ter fugido do presídio.
Já o então marido dela, Valdemar, usava a identidade do irmão que residia na Itália, por ter antecedentes criminais por estelionato. A mulher também possui antecedentes por furto e estelionato.
Sobre o júri popular
O júri popular teve como juíza Fabiane Alice Müller Heinzen Gerent e promotora de justiça Lara Zappelini Souza. Sete jurados foram sorteados para formar o conselho de sentença. Duas testemunhas e a acusada foram ouvidas e a promotora de justiça e o advogado da acusada fizeram a acusação e a defesa.
Acusações
J.A.S., de 39 anos, foi acusada de mais de um crime: homicídio triplamente qualificado por motivo torpe, meio cruel e recurso que impossibilitou a defesa do ofendido. Além do crime, que tem o agravante de ser praticado contra o cônjuge, tem o crime de omissão de cadáver, que tem como agravante a intenção de assegurar a impunidade de outro crime.
Alegação da acusada
A acusada negou a prática do crime. J.A.S. afirmou que conheceu Valdemar com 19 anos. Eles tinham uma diferença de mais de dez anos de idade. Quando o crime ocorreu, ela estava morando em Orleans com o marido e o filho, que tinha 11 anos, por volta de seis ou sete meses. Ainda de acordo com ela, a tia dela pediu para que R.S., primo da acusada, ficasse na casa deles, pois ela iria viajar.
R. ficou na casa da acusada e do marido durante um período de 30 dias, aproximadamente. A mulher contou que o primo dela presenciava brigas entre o casal, que ocorriam com frequência. No dia do homicídio, houve mais uma discussão. De acordo com o depoimento, o primo interviu na briga em favor dela e Valdemar pediu para que “R. ficasse na dele”. Ela contou que, após isso, foi dormir. O casal dormia em quartos separados.
Algum tempo depois, ela ouviu um barulho. Ela foi até a porta do quarto e R. a empurrou e disse “melhor que seja ele do que você”. Segundo ela, ele pediu para que ela ficasse no quarto dela. Após um tempo, ele voltou e mandou ela dirigir a caminhonete de propriedade de Valdemar. O corpo já estava dentro do carro.
R. não tinha carteira de habilitação e ela disse que dirigiu até um posto de combustível, onde o homem comprou um galão de gasolina. Eles seguiram até uma estrada de chão. Segundo a mulher, em determinado momento, ele assumiu a direção e ela ficou no banco de trás com o filho, que estava dormindo. Quando ele parou o carro, ela afirmou que ficou ali dentro com o menino. Após isso, segundo ela, o homem a deixou com o filho em casa e disse que, se ela contasse algo, seria acusada como cúmplice dele.
Questionada pela promotora de justiça Lara Zappelini Souza se não havia pensado em fugir do homem quando soube do assassinato, ela afirmou que ficou assustada, sem reação e com medo de que ele tirasse a vida dela ou a do filho. A acusada disse que não manteve um relacionamento extraconjugal com o R., que desconhecia a existência da carta encontrada durante as investigações e que nunca percebeu que ele era apaixonado por ela. A relação era apenas de parentesco, segundo a mulher.
Após o assassinato
Ela contou que, assim que o corpo foi localizado, ficou com medo e pensou em fugir, com o intuito de não perder a guarda do filho. A acusada então vendeu os móveis da casa dela e recebeu a quantia de R$ 1,1 mil por eles. Ela iria fugir sem rumo com o carro do pai dela. Segundo a acusada, foi então que R. disse que iria com ela. Eles foram para o Paraguai, onde permaneceram durante o período de oito a dez meses. Eles mantiveram um relacionamento e a mulher engravidou dele durante este tempo. A polícia os encontrou no país em outubro de 2009.
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