Não bastassem os desmandos do país com problemas de corrupção, inflação, desemprego, violência, falta de educação, segurança, perda de credibilidade perante o mundo, enfrentamos agora um grande, e talvez o maior problema do momento, que é a proliferação do mosquito Aedes aegypti, para o qual estamos perdendo seguidas batalhas de uma guerra que parece não estar sendo levada a sério devido à incompetência da administração pública e irresponsabilidade de grande parte da população pela falta de higiene e cuidados com o meio ambiente.
O mosquito não surgiu agora e nem chegou ontem no Brasil. É um sério problema que aqui se instalou no decorrer do século vinte e já provocou grandes epidemias, a exemplo da febre amarela, dengue, e agora a zika e a chikungunya. Lamentavelmente em nosso país não há a preocupação com um programa contínuo de prevenção, o que dificulta a erradicação e até mesmo o controle. A hora que o problema surge faz-se muito barulho, mas atitudes inexistem, pois passada a fase crítica que vitima sempre os menos favorecidos, tudo cai no esquecimento. Falta planejamento, falta prevenção, falta respeito para com o ser humano, não há saneamento básico, saúde e educação. Falta acima de tudo atitude.
Um estudo divulgado pelo Instituto Trata Brasil, aponta que num conjunto de 200 países avaliados sobre saneamento básico, o Brasil ocupa a 112ª posição, o que significa dizer que falta muito para que possamos minimizar os problemas da saúde pública da qual dependem os menos favorecidos economicamente, porque aos ricos não faz falta. Não existem políticas públicas adequadas para acompanhar o crescimento demográfico da população. Quase 50% dos municipios brasileiros não dispõem de esgoto sanitário; 35 milhões de brasileiros não têm água tratada. Nas regiões Norte e Nordeste menos de 10% dos municipios contam com algum órgão responsável pelo serviço de esgoto sanitário.
Diante disso, pergunta-se: Como evitar que as doenças se instalem na população ceifando vidas, mutilando cérebros a exemplo do zika vírus que vem vitimando tantos inocentes? Que país é este que investe bilhões em estádios para uma copa do mundo e não se preocupa com a saúde de seu povo? Que se preocupa em investir numa campanha milionária para preservar a saúde de atletas internacionais que virão para as olímpiadas, mas não consegue enfrentar o mosquito e assim tratar seu povo com respeito? Que deixa fechar hospitais, faltar remédios, faltar assistência básica? Que tem como dirigentes ladrões, mentirosos, que usam o patrimônio público como propriedade privada sem o menor constrangimento?
Lamentavelmente, o país vive hoje uma sequência de crises: moral, ética, política, econômica, mas a pior de todas é a crise da saúde pública, pois o cidadão fica abandonado, à mercê da sorte, sem forças para reclamar pelos direitos que lhes são assegurados pela Constituição.