A Diretoria de Vigilância Epidemiológica de Santa Catarina (Dive/SC), em parceria com a Secretaria de Saúde de Florianópolis, apresentou um relatório com dados preliminares sobre a investigação do surto de diarreia na região Norte da Ilha de Santa Catarina.
Em 6 de janeiro deste ano, por meio do Monitoramento das Doenças Diarreicas Agudas, a Vigilância Epidemiológica de Florianópolis identificou um aumento de 500% no número de atendimentos por diarreia, o que é considerado acima do esperado para o atual período. Entre as últimas semanas de 2015 e primeira de 2016 aumentou de 200 para 1.200 casos registrados.
Uma investigação epidemiológica na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Norte foi iniciada em 7 de janeiro, período em que foi notificada a maior parte dos casos. Esta investigação contou com o apoio da equipe da Dive/SC.
Casos avaliados
Entre 7 e 9 de janeiro de 2016, foram avaliadas 215 pessoas com sintomas de gastroenterite. Esses pacientes foram atendidos na UPA Norte, cuja análise preliminar aponta as seguintes características:
– Os casos se apresentam em pessoas de todas as idades, sem preferência por faixa etária;
– Os quadros foram em sua maioria leves, com início dos sintomas há menos de três dias, sendo os sintomas mais frequentes vômito (83%) seguido de diarreia (75%). Em menor proporção foi relatado dor abdominal (65%) e febre (30%);
– A característica da diarreia que se apresenta de forma líquida, aguda, branda, autolimitada e não sanguinolenta, aliada à presença acentuada de vômito, é compatível com quadro de infecção viral;
– Foram coletadas 12 amostras clínicas para análise laboratorial de vírus e 7 amostras para pesquisa de bactérias. Os resultados devem ser divulgados até a próxima segunda-feira (18);
– Aproximadamente 70% das pessoas investigadas tinham frequentado praia, principalmente Ingleses (32%), Canasvieiras (20%) e Ponta das Canas (11%). Os demais se distribuíram em várias praias, especialmente as do Norte e Leste da Ilha;
– Os casos investigados tinham residência temporária ou permanente em bairros do norte da ilha, principalmente Ingleses (35%), Canasvieiras (14%) e Rio Vermelho (14%).
A investigação aponta para a ocorrência de um surto de diarreia de provável etiologia viral na região Norte da Ilha de SC, acometendo a população temporária ou permanente da região. Não foi possível estabelecer vínculo com exposição hídrica, alimentar ou recreacional.
As gastroenterites virais estão relacionadas à transmissão por águas, alimentos e aglomerações humanas, propagando-se principalmente pelo contato pessoa-pessoa. São altamente contagiosas, causando doença autolimitada, leve ou moderada, com duração em geral de um a três dias, sendo raros os casos de internação. Apresentam maior risco para as populações em extremos de idade (crianças e idosos) e imunocomprometidos.
Como se prevenir
A Vigilância Epidemiológica Estadual e a Secretaria de Saúde de Florianópolis recomendam as seguintes medidas para a prevenção de diarreia a população em geral:
– Lavar frequentemente as mãos com água e sabão, especialmente após utilizar o sanitário e antes de se alimentar, preparar ou manipular alimentos;
– Higienizar frutas, legumes e verduras com solução de hipoclorito a 2,5% (diluir uma colher de sopa de água sanitária para um litro de água por 15 minutos, lavando em água corrente em seguida, para retirar resíduos);
– Evitar o consumo de alimentos crus ou mal cozidos, principalmente frutos do mar (ostras, mariscos e outros);
– Cuidado com água mineral falsificada de fonte ou procedência duvidosa, bem como gelo, “raspadinhas”, “sacolés”, sorvetes não industrializados, sucos e outros produtos de origem desconhecida;
– Os funcionários que manipulam alimentos devem se afastar de suas atividades por um período mínimo de 3 dias após cessarem os sintomas, pois mesmo que não apresentem sintomas, podem transmitir o vírus para outras pessoas;
– Lavar e desinfetar superfícies que tenham sido contaminadas com vômito e fezes de pessoas doentes, usando água e sabão e desinfecção com água sanitária.
Com informações da Secom SC