A transmissão do zika vírus pelo Aedes aegypti provocou o aumento dos casos de microcefalia no país, principalmente na região nordeste. Mas ainda existem muitas dúvidas. Os médicos são unânimes: nesse momento, entrar em guerra contra o Aedes aegypti é o melhor que se pode fazer. A medicina ainda estuda o zika vírus e a relação entre ele e a microcefalia.
Recentemente o governo federal mudou os critérios para a definição de casos de microcefalia em Pernambuco, e estende a todo o território nacional. Esta reduz de 33 para 32 centímetros o perímetro cefálico do bebê considerado portador da má-formação. Na prática, menos pacientes serão considerados como casos suspeitos.
De acordo com o neuropediatra Jaime Lin, da Clínica Pró-Vida, em Tubarão, estima-se que cerca de 0,56% das crianças apresentem microcefalia ao nascimento. “De um ponto de vista prático, isso significa que o cérebro não se desenvolveu corretamente e, como consequência, o recém-nascido pode apresentar deficiência intelectual, atraso no desenvolvimento motor e epilepsia”, pontua.
Vírus zika, causador secundário da microcefalia
Atualmente, muito se tem falado a respeito dos casos de microcefalia secundários à infecção por vírus zika. O Brasil enfrenta uma epidemia desta que é uma doença “prima da dengue”, desde o meio do ano. “Ela é transmitida pelo mosquito Aedes aegypti, provoca sintomas parecidos, porém mais brandos do que os da dengue. Febre, dor de cabeça e no corpo e manchas avermelhadas são os principais”, explica o neuropediatra. Até novembro último, segundo o Programa Nacional do Controle da Dengue, mais de 8,4 mil casos suspeitos da doença foram notificados.
O Brasil representa o primeiro surto dessa doença fora da sua área de origem (África e Ásia) e o primeiro caso foi registrado em maio, em um paciente do nordeste. Assim como a dengue, o vírus zika também é transmitido pelo mosquito Aedes aegypti (mas há relatos de transmissão por via sexual e perinatal).
Em comunicado recente, o governo brasileiro confirmou a relação entre o vírus zika e a microcefalia. A confirmação dessa relação é inédita na pesquisa científica mundial.
O que fazer?
Em relação à infecção pelo zika, não há uma vacina nem um tratamento específico. “Apenas medidas para aliviar os sintomas, como descansar e tomar remédios para controlar a febre. A aspirina não é recomendada pelo risco de sangramento. Também se aconselha beber muito líquido”, salienta Lin.
Como medidas preventivas, como a transmissão ocorre pela picada do mosquito, recomenda-se o uso de mosquiteiros com inseticidas, além da instalação de telas. Também deve se utilizar repelentes com um composto chamado icaridina e roupas que cubram braços e pernas para reduzir as chances de se levar uma picada.
Atenção de gestantes deve ser redobrada
Ainda não se sabe ao certo qual o período de maior vulnerabilidade para a gestante. Em análise inicial do governo, o risco está associado aos primeiros três meses de gravidez. Até o momento, o Ministério da Saúde fez um apelo para uma mobilização nacional no combate ao mosquito Aedes aegypti. “É recomendado cautela àquelas que pretendem engravidar. As gestantes devem usar roupas de manga comprida, calças e repelentes apropriados. É muito importante que as futuras mães mantenham o acompanhamento e as consultas de pré-natal, com a realização de todos os exames recomendados pelo médico”, reforça o neuropediatra.
Com informações do Jornal Notisul