Os militares do 28º GAC migraram para o país da América Central no mês de abril e um deles ainda atua lá
Depois de sete meses de trabalho na reestruturação do Haiti, país localizado na América Central, que vive uma crise humanitária, dez militares do 28º GAC retornaram ao Brasil na última semana. Os militares migraram para o país no mês de abril e um deles ainda atua lá. Na manhã desta sexta-feira, foi realizada uma formatura militar para a recepção de seus integrantes que participaram da Missão de Paz do Exército Brasileiro no Haiti, em seu retorno ao Brasil. Cerca de dois mil militares de todo Brasil estão naquele país.
A atuação do Exército Brasileiro no Haiti foi criado pelo conselho de segurança das Nações Unidas para estabilizar, pacificar e desarmar grupos guerrilheiros e rebeldes e formar o desenvolvimento institucional e econômico do país. Esta não é a primeira vez que o batalhão de Criciúma envia soldadas para lá. Em 2010, cinco militares atuaram na reconstrução do Haiti. Neste ano, além dos 11 enviados no primeiro semestre, mais sete militares migraram em missão no mês de novembro.
Conforme o 1º tenente Marcos Vinícius Araújo Assunção, que esteve pela primeira vez no Haiti, estar lá e lidar com outras culturas, costumes e com uma realidade diferente da do Brasil foi uma experiência única. “Foi algo que não dá para explicar. Acima de tudo, foi uma satisfação de vida pessoal em ajudar aquelas pessoas que tanto precisam”, ressaltou em entrevista à Portal Engeplus.
Além do Brasil, mais 18 países como Bolívia, Guatemala, Sri Lanka, Nepal e Colômbia atuam na reconstrução e na ordem do Haiti. Uma das maiores dificuldades enfrentadas pelos militares foi na adaptação da língua. “Quando estávamos saindo do país estávamos começando a entender algumas palavras em créole", destaca o sargento André Lucenir dos Santos, que esteve também pela primeira vez no país. O idioma típico do Haiti é o criolo haitiano e o francês.
De acordo com Lucenir, os haitianos entendem muito bem a Língua Portuguesa e a comunicação era realizada através de sinais. “Também pelas necessidades deles, era através de mímicas que nos comunicávamos, inclusive eles falam mais do que um idioma, isto é uma curiosidade que poucas pessoas sabem”, ressalta. “Vimos um adolescentes, de 19 anos, que sabia falar cinco idiomas diferentes”, revela Lucenir, "uma riqueza que não se vê", considera.
A rotina dos soldados era baseada em atividades de patrulhamento, ou seja, de manutenção de segurança do ambiente e estabilidade do local e atividades de logística, na manutenção do batalhão. O tenente Vinícius destaca a afinidade entre brasileiros e haitianos. “Entre os outros batalhões, é nos brasileiros que eles procuram mais ajuda, acho que é pelo nosso carisma e nossa cultura também”, salienta. “Eles nos chamam de ‘Bom Bagay’, que significa coisa boa, gente boa”, completa Lucenir.
Entre uma das cenas que mais chamavam atenção dos militares era o de crianças percorrendo córregos de esgotos sem roupas à procura de comida. “Aqui nem imaginamos que isso possa acontecer e lá no Haiti é muito comum. Eles estão acostumados a viver neste cenário de destruição e calamidade”, ressalta Vinícius. “Após esses meses no Haiti nosso sentimento é de valorização de tudo que temos aqui. É uma realidade totalmente diferente. Saímos dela com a missão cumprida”, conclui.
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