Até agora, mais de 20 pessoas já foram ouvidas pelo Ministério Público e quatro foram presos
As investigações do esquema de fraude em licitações praticado dentro da Prefeitura de Lauro Müller seguem em ritmo acelerado. Em entrevista exclusiva ao Portal Sul in Foco, a promotora Claudine Vidal de Negreiros da Silva destaca que o Ministério Público segue ouvindo as testemunhas ligadas, direta ou indiretamente, com a prefeitura e analisando os inúmeros materiais apreendidos com os suspeitos.
“Estamos bastante satisfeitos com os depoimentos ouvidos até agora. As testemunhas estão colaborando com as investigações e nos passando informações que irão contribuir com o desfecho do caso”, ressaltou a promotora, que não informou o número de pessoas ouvidas até o momento, mas garante que já passaram de 20.
Na tarde desta sexta-feira (7), mais duas ou três testemunhas deverão ser ouvidas. Segundo Claudine, algumas testemunhas já foram convidadas a depor até três vezes. “De acordo com novas informações que são apuradas, faz-se necessário chamar algumas pessoas novamente para esclarecer outras dúvidas que acabam surgindo”, justifica a promotora. Na tarde de hoje a promotora deverá se reunir com a equipe do Grupo de Atuação Especial de Combate às Organizações Criminosas (Gaeco), que também participa das investigações, para discutir as pendências do processo que está sendo montado.
A promotora adianta que os materiais apreendidos e as declarações de alguns envolvidos, confirmam o grande esquema na fraude de licitações na área da saúde, principalmente no setor de medicamentos, tanto do SUS, quanto do Hospital Henrique Lage. “Temos notas superfaturadas. Alguns medicamentos eram comprados muito acima da demanda do hospital e da própria Secretaria de Saúde. Tivemos alguns depoimentos que relataram a falta de soro, porém se o que estivesse descrito nas notas fosse realmente entregue, não haveria falta desses medicamentos”, destacou a promotora, acrescentando que foram feitos pagamentos por compras que nunca chegaram ao devido local.
Dos quatro envolvidos que haviam sido presos, dois foram soltos na noite de quarta-feira (5), o diretor de compras da prefeitura e um empresário de Tubarão, que estavam em prisão provisória para não atrapalhar o processo de investigação. Já o empresário de Lauro Müller foi encaminhado ao Presídio Santa Augusta, em Criciúma, diferente dos outros três, este teve prisão preventiva decretada. Segundo a promotora ele foi pego com medicamentos ilegais, supostamente contrabandeados do Paraguai, e há indícios de que esses produtos eram comercializados pelo empresário. Seu advogado entrou com pedido de habeas corpus, porém foi negado pelo juíz.
O quarto envolvido, um empresário de Criciúma, detido na segunda-feira (3), segue preso na Delegacia de Polícia de Orleans. O prazo da prisão provisória desse suspeito vence nesta sexta-feira, podendo ser prorrogado por mais cinco dias, conforme estabelecido em Lei.
A promotora ainda não descarta a possibilidade de requerer novas prisões, inclusive dos que já foram detidos.
Superfaturamento de Obras Públicas e Serviços de Engenharia
A promotora falou também sobre o caso de superfaturamento de Obras Públicas e Serviços de Engenharia, descoberto durante as investigações da fraude de licitações. Nesse caso, o Ministério Público chegou ao nome do prefeito Hélio Bunn. Como Bunn tem foro privilegiado, a apuração do MP foi encaminhada ao procurador geral de Justiça, em Florianópolis. “O caso é de responsabilidade do procurador até o dia 31 de dezembro. A partir de janeiro, como o prefeito não se reelegeu, o processo retorna ao MP de Lauro Müller”, disse a promotora, acrescentando que acredita no envolvimento do prefeito, pois além de vários indícios encontrados, algumas testemunhas relataram em seus depoimentos informações de grande importância e que comprovam o caso.