Segurança

Uma semana depois, relembre o dia que parou Criciúma

Tiroteio, ônibus incendiados, portão do presídio alvejado e polícia mobilizada

Foto: Arquivo/Clicatribuna

Foto: Arquivo/Clicatribuna

O Clicatribuna publicou nesta quarta-feira (21) uma matéria especial, que relembra o dia que Criciúma parou devido aos ataques do crime organizado. Confira a matéria na íntegra: Medo, tensão e um sistema de segurança todo mobilizado para combater o crime organizado, que. infelizmente, mostrou que existe e que tem força em Criciúma.

Os ataques, que antes eram assistidos apenas na mídia nacional em grandes centros, como a cidade de São Paulo, saiu das telas e pôde ser visto de perto pela população criciumense.

O que as forças de segurança temiam, aconteceu.

À noite, por volta das 21h, a tensão se instalou no Presídio Santa Augusta. Uma moto de cor vermelha passou em frente à unidade prisional e o caroneiro atirou contra o portão e a guarita. Ninguém se feriu.

Polícias Civil e Militar e agentes penitenciários se mobilizaram. As buscas pelos criminosos audaciosos começavam. A polícia orientou que ninguém saísse de casa, ficasse exposto de alguma maneira, além de proibir a circulação dos ônibus.

Nenhum responsável detido

O cenário em frente ao presídio era de entra e sai de viaturas. Homens armados faziam a segurança a cada abertura do portão principal.

Diversas pessoas foram abordadas nas proximidades, porém nenhum culpado pelo atentado contra o Estado havia sido detido.

Poucas horas depois, em torno das 23h, as viaturas da PM que estavam na frente da unidade prisional se deslocaram para um chamado.

Sirene ligada, policiais com semblantes de pânico e armas expostas para fora do veículo, enfim, uma cena para a qual talvez Criciúma nunca houvesse servido de palco.

Ônibus incendiados

Em uma das ruas mais perigosas da cidade, a Silvino Rovaris, no Paraíso, mais medo, mais tensão e mais batalha entre o bem e o mal. De longe, um ônibus podia ser visto sendo incendiado na rua que dá acesso ao Posto 24 Horas do Boa Vista.

Viaturas da PM, policiais militares do Pelotão de Patrulhamento Tático (PPT) trocavam tiros com os criminosos.

A reportagem, por medida de segurança, saiu do local orientada pelos militares devido à intensa troca de tiros.

O Corpo de Bombeiros foi acionado e não houve feridos. Muitos moradores, ainda sem acreditarem no que estavam presenciando, arriscavam-se nas ruas para verificar a cena da guerra civil.

Fios de energia foram depredados. Após a saída da PM e dos bombeiros, adolescentes se aproveitaram da situação e entraram no ônibus para furtar objetos.

No Bairro Nova Esperança, outro incêndio em coletivo. Também não houve feridos. Outros coletivos foram apedrejados.

"Entraram no ônibus e pediram para todo mundo sair. Cheguei a ouvir uns disparos antes do incêndio e depois. Logo começou a dar tiro para todos os lados, mas, graças a Deus, ninguém se feriu. Agora está tudo calmo (0h19min), mas acho que vem mais coisa por aí", relatou uma moradora.

Na volta, em frente ao portão principal do Santa Augusta, mais mobilização após o ataque ao coletivo.

"Saiam daqui pela segurança de vocês. Estamos em uma guerra. O bicho ‘tá’ pegando. Tem tiro para todo lado", atentou um militar à imprensa.

A noite/madrugada anterior teve o mesmo clima no restante do estado. Florianópolis e Blumenau se tornaram palco para ataques. A cúpula da segurança pública se reuniu na tarde de ontem, na Capital, para propor ações de combate e verificar os culpados.

Primeiro Grupo Catarinense no comando

Negadas pelas autoridades máximas do Estado, como o governador e o próprio secretário de Segurança Pública, e afirmada por policiais, agentes e até delegados, servidores diretos do sistema, as ações do Primeiro Grupo Catarinense (PGC) já estavam sendo articuladas.

Na manhã de segunda-feira, detentos do Santa Augusta negaram o café da manhã. Um total de 31 foram transferidos. A ação foi para mostrar organização e apoio aos líderes da facção criminosa que é existente.

Autoridades, mobilizadas com as ações, não puderam falar com a reportagem até o início da madrugada de ontem. Em Florianópolis, mais um ônibus foi incendiado ontem. A ação ocorreu no Bairro Ingleses, na ilha. Uma base militar também foi alvejada.

Em Criciúma, quem esteve nas ruas durante o período crítico foi orientado a ir embora. Diversas pessoas foram abordadas. Os trabalhos prosseguem hoje.

Ônibus são retirados de circulação

As empresas de transporte coletivo urbano de Criciúma retiraram os veículos das linhas durante a madrugada desta quarta-feira.
A medida foi tomada por segurança, após ataque a dois veículos, que foram incendiados.

O sistema deverá ser retomado pela manhã, com garantia de segurança para a circulação dos ônibus e dos passageiros.

Dois veículos da Expresso Coletivo Forquilhinha foram incendiados das linhas Vila Esperança e Boa Vista.