Foram registrados ataques em 10 cidades do estado desde segunda (12)
A Polícia Militar de Santa Catarina afirmou, em balanço divulgado na manhã desta quinta-feira (15), que 30 pessoas foram detidas e 58 suspeitos foram identificados por envolvimento nos ataques realizados há três dias no estado.
Dos 30 detidos, conforme balanço da PM, 12 foram pegos na terça-feira (13), outros 16 na quarta-feira (14) e mais dois nesta quinta (15). Desde segunda (12), primeiro dia de violência, pelo menos 38 ataques foram registrados em 10 cidades catarinenses – Florianópolis, São José, Palhoça, Tijucas, Gaspar, Navegantes, Itajaí, Blumenau, Criciúma e Balneário Camboriú. Diversos ônibus, um carro da Polícia Civil e alguns veículos particulares foram incendiados. Também foram disparados tiros contra bases da PM e presídios.
Autoridades de segurança de Santa Catarina apuram a hipótese de que os ataques estejam relacionados a denúncias de maus-tratos em presídios do estado. Segundo o delegado geral da Polícia Civil, Aldo Pinheiro, a principal linha de investigação aponta que há um grupo de presidiários que mantém contato com as ruas e coordena os ataques. "Mas não podemos detalhar para não atrapalhar as investigações", explicou o delegado.
"Os atentados são uma reação dos criminosos não apenas por causa deste fator. Trata-se de um conjunto de circunstâncias, que inclui uma maior rigidez na segurança", completou Pinheiro. Na terça-feira, o Tribunal de Justiça de Santa Catarina (TJ-SC) determinou uma vistoria no presídio de São Pedro de Alcântara, depois de denúncias de presos.
Segundo o diretor do Departamento de Administração Prisional (Deap), Leandro Lima, todo o sistema prisional está aberto para ser fiscalizado. "Existem denúncias e o Deap não vai acobertar", disse. O diretor também acredita que os ataques em Santa Catarina podem ser coordenados por presos: "É uma suspeita recorrente que atentados como os registrados partam de dentro dos presídios".
Afastamento
Na quarta (14), o governador do estado, Raimundo Colombo, anunciou afastamento de Carlos Alves, diretor da Penitenciária São Pedro de Alcântara, de onde teriam partido as ordens para os ataques nas cidades catarinenses. Segundo ele, o diretor pediu licença de 30 dias por razões pessoais.
Alves responde a uma sindicância da Secretaria de Justiça e Cidadania sobre possíveis abusos cometidos por ele e por agentes penitenciários para conter uma rebelião, no último dia 7. Um relatório deve ser concluído sobre a denúncias de que pelo menos 30 detentos teriam lesões no corpo provocadas por disparos de armas com bala de borracha.
"Pediu um tempo para ele, por conta do que está passando em sua vida pessoal", disse o governador sobre o afastamento. A mulher de Alves, a agente penitenciária Deise Fernanda Melo Pereira, de 30 anos, foi morta quando chegava a sua casa, em 27 de outubro.
Ataques
Os ataques começaram a ser realizados na tarde da última segunda-feira (12). Até a madrugada de terça, oito ocorrências foram atendidas pela polícia no estado. Em Florianópolis, três ônibus, uma viatura da Polícia Civil e o carro de um policial militar foram incendiados. Em Blumenau, criminosos atearam fogo em um ônibus e alvejaram o presídio da cidade. Em Palhoça, uma base da Polícia Militar foi atingida por tiros.
No segundo dia, entre 19h40 de terça (13) e 2h05 de quarta-feira (14), outros dezessete ataques foram registrados. Em Florianópolis, dois contêineres e um ônibus foram incendiados. Além disso, três tiros foram disparados contra a central de videomonitoramento da PM.
Em Criciúma, dois ônibus foram incendiados, um foi apedrejado e um presídio foi alvo de tiros. Na cidade de Navegantes, dois ônibus foram também foram atacados e incendiados. Em Itajaí, cinco incêndios foram registrados pelos bombeiros. Quatro carros estacionados na rua e um ônibus, na garagem, foram atingidos com coquetel-molotov. Em Blumenau, por volta das 23h, um ônibus foi apedrejado e houve outra tentativa de incêndio a ônibus. Em Palhoça, uma ex-viatura da polícia foi incendiada.
No terceiro dia, 13 ocorrências foram registradas pela Polícia Militar, totalizando 38 ataques de segunda até as 4h desta quinta-feira (15). Em Florianópolis, um ônibus foi incendiado e dois veículos que estavam estacionados na rua também foram atingidos. Conforme a Polícia Civil, dois menores suspeitos de envolvimento foram apreendidos e encaminhados para a 6ª DP. O prédio de uma escola também foi destruído por um incêndio. Uma base da polícia no Bairro Parque São Jorge foi alvo de uma tentativa de incêndio.
Em Tijucas, na Grande Florianópolis, três ônibus foram incendiados. Em Gaspar, no Vale do Itajaí, um ônibus foi incendiado. Em Balneário Camboriú, no litoral Norte, a base da Guarda Municipal foi alvo de tiros por volta das 23h30, de acordo com a PM. Em São José, na Grande Florianópolis, a central de videomonitoramento da PM, no bairro Barreiros, foi atingida por três disparos.
Em Palhoça, também na Grande Florianópolis, dois ônibus e um veículo foram incendiados. O motorista e o cobrador de um ônibus ficaram feridos. Os casos ocorreram nos bairros Caminho Novo e Praia de Fora. Em Itajaí, no Litoral Norte, um veículo particular também foi incendiado durante a madrugada desta quinta-feira (15).
Já na manhã desta quinta-feira (15), no quarto dia de ataques, um ônibus foi incendiado em Itajaí, por volta das 9h.
[soliloquy id=”14967″]