Segurança

Túmulos são violados para construção de capelas em Cocal do Sul

Parentes não sabem exatamente onde estão as ossadas que sumiram

Foto: Amanda Garcia Ludwig/Engeplus

Foto: Amanda Garcia Ludwig/Engeplus

Os túmulos mais antigos onde as crianças eram enterradas em Cocal do Sul foram violados nos últimos dias para a construção de capelas, onde novos corpos serão enterrados. A dona de casa Denise Danielski se assustou quando foi ao local para visitar o túmulo da irmã de seu marido, que faleceu há quarenta anos quando ainda tinha seis meses de idade. Ela conta que todos os anos seus sogros – os pais da criança – iam até o local para realizar a limpeza e enfeitar o túmulo, mas neste ano ele não estava mais lá.

"Ontem meu sogro foi até lá para limpar o local e deixá-lo pronto para as visitas do Dia de Finados. Eles haviam retirado tudo e passado cimento onde as crianças estavam enterradas. Ninguém foi notificado sobre isso. Minha sogra passou mal e precisou ir para o hospital, em estado de choque", explicou Denise ao Portal Engeplus.

Denise não conseguiu contato com os responsáveis pelas obras e, até o momento, não recebeu explicação sobre o que aconteceu. "Meu sogro inclusive vai registrar um boletim de ocorrência, porque achamos que isso está errado. Alguns acham que os ossos foram enterrados e outros acham que ele está no ossário. A criança tem certidão de nascimento e de óbito, mas onde estão os restos mortais? Estamos procurando", ressalta a dona de casa.

Um homem presente no cemitério de Cocal do Sul preferiu não se identificar, mas afirmou que seu sobrinho também estava enterrado no local e até o momento não se sabe onde estão os ossos. "Minha família não foi informada sobre a retirada dos túmulos. Não quero me identificar, pois o pai da criança já é um senhor e pode passar mal com a notícia. Ainda assim, não sabemos ao certo o que está acontecendo. De repente as capelas começaram a aparecer", comenta ele.

A reportagem do Portal Engeplus tentou contato com o prefeito de Cocal do Sul, Nilso Bortolatto, mas o seu telefone celular estava na caixa postal. Em contato com o procurador do município, Rafael Colombo, ele informou que não tinha conhecimento do assunto. Porém, afirmou que é preciso apurar os fatos, ouvir o funcionário da prefeitura que trabalha na conservação do cemitério e contatar as famílias prejudicadas, para poder tomar as providências cabíveis.