Não é simplesmente um conjunto forte de traços faciais e uma pitada de tristeza conquistada de forma natural pelo passar dos anos que abalam as administradoras de uma das mais tradicionais casas de idosos do país, o Asilo Santa Isabel, no bairro Magalhães, em Laguna. O que pode influenciar sim à garra dessas guerreiras é uma crise financeira reconhecida e externada na última sexta-feira ao chefe do executivo da Cidade Juliana, Everaldo dos Santos, que se colocou à disposição para tentar resolver e/ou minimizar esta situação. A própria diretora da instituição, Juldina Fontanela, reconhece que as atividades estão à beira de um colapso devido à falta de dinheiro.
O Santa Isabel, pertencente à Associação Beneditina da Providência, iniciou o acolhimento ainda na década de 1940, durante a segunda guerra mundial, com uma gestão militar. A associação iniciou a gerência na década seguinte. Completa 65 anos de coordenação em 2015. Neste período, realizou uma série de melhorias, tanto na parte infraestrutural do imóvel, tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), quanto nos setores de recursos humanos e de materiais. O local chegou a acolher cerca de 80 idosos, mas, com recentes inspeções de representantes da Vigilância Sanitária e Ministério Público, reduziu este número para os atuais 38 moradores. Apesar das dificuldades em manter os serviços, a alegria de ajudar quem precisa ainda prevalece com os 28 funcionários que se dividem nos 365 dias do ano, 24 horas por dia.
No encontro de sexta, representantes da Beneditina Providência indagaram sobre repasses de recursos provenientes da união e estado, um montante de R$ 71.945.00 em custeio de alta complexidade e mais R$ 20.790.00 – que deveriam ser repassados pelo governo do estado – para compra de equipamentos. Todos os valores são de convênios assinados no ano passado. Contadores da prefeitura informaram a direção do asilo que estes repasses foram trancados pelas esferas superiores do poder executivo. O motivo externado é a crise do sistema financeiro instituída no Brasil desde o início do ano. “O problema é que esses recursos não foram repassados para o fundo municipal, se não já estariam na conta do asilo. Este é mais um imbróglio resultante da situação que o país se arrasta. O resultado nós vemos todos os dias refletidos nas prefeituras e nas pequenas intuições”, lamenta Everaldo.
Somente com folha de pagamento, o Santa Isabel gasta R$ 46 mil (R$ 5 mil ao mês). A associação também gerencia mais dois abrigos de idosos: em Goiás e no Paraguai. O prefeito quer empenho total dos envolvidos na cobrança desses recursos. O montante em débito tem de ser pago até o próximo dia 31 de dezembro. Na segunda-feira, R$ 10 mil serão repassados para o asilo.
“É necessária uma ampla reforma com regime de urgência no Santa Isabel. A Vigilância Sanitária exigiu várias normas técnicas e não temos condições de arcar”, lamenta a Irmã Juldina. Somente pequenas adaptações são executadas. Representantes da Secretaria de Assistência Social, responsáveis em gerir os recursos das esferas superiores, devem reavaliar os convênios do estado na segunda, com a possibilidade de transferência de R$ 10 mil, da União na terça e, na quarta, iniciar a elaboração de um fundo municipal. Everaldo ainda propôs ao procurador geral da prefeitura, Leandro Schiefler Bento, encaminhar um projeto de lei do executivo para a Câmara o qual isenta as taxas de alvará de funcionamento exclusivamente para o asilo.