Economia

Prefeitos do Vale do Braço do Norte anunciam medidas para redução de custos

Na economia doméstica, quando as contas saem do controle, somos obrigados a puxar o freio de mão, diminuir gastos e reajustar nosso orçamento. No poder público, não é diferente, por isso, os prefeitos dos cinco municípios do Vale do Rio Braço do Norte, reuniram a imprensa da região para uma entrevista coletiva para expor as dificuldades econômicas das respectivas prefeituras.

O encontro ocorreu na manhã desta sexta-feira, 21, no auditório da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL), de Braço do Norte.

O prefeito anfitrião, Ademir da Silva Matos, que estava acompanhado de outros quatro colegas, Amilton Ascari (o Breca), de Grão-Pará, Lourivaldo Schuelter (o Pita), de Rio Fortuna, Dilcei Heidemann, de Santa Rosa de Lima e Volnei Weber, de São Ludgero, foi o primeiro a explanar. Segundo ele, os municípios são penalizados constantemente com a falta ou diminuição de recursos do Fundo de Participação dos Municípios (FPM), indicando que está na hora de realizar alguns ajustes nas prefeituras, para que cada um dos prefeitos não corra o risco de acabar caindo na Lei de Responsabilidade Fiscal.

Ademir garantiu que, apesar do aperto nas contas, programas das secretarias de Saúde e Assistência Social não serão cortados. "Também não há perspectiva, neste momento, de demissões. Esperamos superar esta fase para que não seja preciso aumentar a contenção de despesas".

Para Breca, o maior problema está na retração da receita e, ao mesmo tempo, no aumento da demanda. "Arrecadamos menos e temos mais gastos. Com isso teremos que cortar alguns serviços, tanto no interior como no centro, economizando em combustível, energia elétrica e materiais, por exemplo", comentou.

Conforme o prefeito Volnei, de São Ludgero, algumas medidas já foram tomadas para diminuir o impacto da baixa arrecadação. "Desde o início de julho reavaliamos alguns investimentos, cortamos horas extras, racionalizamos o uso do material de expediente e aplicamos uma política de realizar trabalhos básicos em todas as secretarias". Ele completou dizendo que é necessário levar em consideração que produtos básicos como remédios, combustíveis, energia elétrica, equipamentos e materiais de consumo básico diversos aumentaram seus valores com percentual significativo, fazendo com que o custo de compra aumentasse muito em 2015, com relação a mesma quantidade utilizada em 2014. "A inflação já chega a 10%, porém, a receita arrecadada não acompanha o índice", salientou.

O prefeito de Rio Fortuna, Pita, ressaltou a falha do modelo administrativo brasileiro. "O modelo de gestão do país está falido! A máquina administrativa é grande e pesada e a distribuição de recursos é falha. O governo federal fica com 63% de tudo que é arrecadado. Tivemos há pouco a chance de fazer uma reforma política, tributária e administrativa, mas faltou coragem, infelizmente. A população não suporta mais pagar tanto imposto", desabafou.

Para os prefeitos, o Pacto Federativo, que é constantemente cobrado através da Federação Catarinense dos Municípios (Fecam), da Associação de Municípios da Região de Laguna (Amurel), da Confederação Nacional dos Municípios (CMN) e encontros de prefeitos, seria uma solução para aumentar a arrecadação. "Não é possível que tenhamos que nos humilhar perante o governo federal para buscar o que é nosso", completou Pita.

A prefeita Dilcei, de Santa Rosa de Lima, pediu a compreensão da população e a colaboração do funcionalismo público. "Precisamos que a população entenda a retração dos serviços, pois estamos trabalhando para que ela seja temporária", concluiu.

Hospital Santa Teresinha

O Hospital Santa Teresinha (HST), de Braço do Norte, também foi tema de questionamentos durante a coletiva.

Para o prefeito de Braço do Norte, Ademir da Silva Matos, é preciso cautela na hora de anunciar que o hospital não trabalhará mais com o Sistema Único de Saúde (SUS), apenas com convênios e particular. "É preciso muito cuidado com este tipo de declaração, pois o Estado investe recursos constantemente no hospital, um exemplo disso é o novo prédio, que já recebeu mais de R$ 4 milhões do governo do Estado", comentou.

Ademir salientou que o município mantém um contrato com a instituição, o qual é cumprido mensalmente. "São R$ 86 mil por mês, tanto para o plantão quanto para o sobreaviso. Além disso, os exames, que antes eram feitos em Tubarão, hoje são realizados aqui, que é mais uma maneira de repassar recursos ao HST. Nós cumprimos com a nossa parte".

Amilton Ascari, o Breca, prefeito de Grão-Pará, sugeriu que a população também se empenhe na busca da solução.

O prefeito Volnei Weber, de São Ludgero, também comentou o assunto. "Nós também estamos em dia com o hospital. Mantemos um pronto atendimento em São Ludgero, ao custo de R$ 100 mil mensais e trazemos para o HST apenas os casos que não podem ser resolvidos lá. Nosso custo com o HST é de cerca de R$ 40 mil por ano", explicou. Para ele, também é preciso cautela ao falar do fechamento do hospital. "Então quer dizer que o governo do Estado está investido dinheiro na construção de uma massa falida? Acredito que alguns itens também devem ser revistos no hospital", encerrou.

Colaboração: Suham Dellatorre/Especial/Sul in Foco

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