Residência do político em Pomerode foi alvo da Operação Politéia na manhã desta terça-feira
Dois carros da Polícia Federal – PF estiveram na manhã desta terça-feira na residência do ex-deputado federal catarinense João Pizolatti (PP) em Pomerode. Por volta das 8h30min as viaturas entraram no terreno, localizado no fim da Rua Henrique Karsten, no bairro Testo Alto, que é usado pelo deputado também como pousada de luxo.
Com campo de futebol, piscina, lagoa, capela e uma casa de dois andares, o sítio fica a mais de dois quilômetros das últimas casas da rua, com uma visão privilegiada do vale e um portão de ferro que marca o número da residência: 1111, dígitos usados por Pizolatti nas eleições para deputado federal.
Para entrar no terreno e cumprir os mandados de busca e apreensão, a PF pediu que duas moradoras da região acompanhassem a viatura como testemunhas. Com a casa vazia, os agentes teriam vasculhado todos os cômodos da residência. Segundo uma das testemunhas, documentos, celulares e agendas foram apreendidas, além de uma arma de fogo. A mansão no meio da mata é conhecida pelos vizinhos, que afirmam que não é comum encontrá-lo no local.
Em entrevista à reportagem do Santa, Pizolatti disse que irá colaborar, mas criticou a operação. "Defendo qualquer forma de investigação, mas critico a maneira truculenta com que foi feita".
No dia 10 de julho, o Supremo Tribunal Federal encaminhou ofício ao delegado Milton Foarnazzari Junior com dois inquéritos que envolvem Pizzolatti. Conforme o site Diário Catarinense, um deles é de lavagem e ocultação de bens, e o outro de corrupção passiva.
A ação em Pomerode fez parte da Operação Politéia, que tem como objetivo o cumprimento de 53 mandados expedidos pelo STF em todo o país. Os mandados fazem parte de seis processos instaurados a partir de provas obtidas na Operação Lava Jato.
As medidas decorrem de representações da Polícia Federal e do Ministério Público Federal para tentar evitar que provas importantes sejam destruídas pelos investigados. Em Santa Catarina, 26 policiais fazem as buscas nesta terça-feira. Em Penha, no litoral, uma construtora também teria sido alvo da investigação.
Os mandados foram expedidos pelos ministros Teori Zawascki, Celso de Mello e Ricardo Lewandowski. Além de Santa Catarina, também estão sendo cumpridos mandados no Distrito Federal (12), Bahia (11), Pernambuco (8), Alagoas (7), Rio de Janeiro (5) e São Paulo (5). O nome da operação, Politéia, em grego, faz referência ao livro "A República" de Platão, que descreve uma cidade perfeita, onde a ética prevalece sobre a corrupção.
* Colaboraram Dagmara Spautz, Osiris Reis e Thiago Santaella