A situação do Hospital Santa Teresinha, de Braço do Norte, preocupa moradores da região e a administração do local. Segundo a direção, até os salários dos funcionários estão em atraso.
“Hoje (ontem) já é dia 9 e pela primeira vez, depois de nove anos que o hospital está sob nova administração, ainda não conseguiu efetuar o pagamento dos salários de seus colaboradores, quantia indispensável para que possam honrar seus compromissos pessoais e tão merecida após mais um mês de serviços prestados à população, com dedicação e respeito”, lamenta a direção, em comunicado no site do hospital.
O problema se dá em função dos baixos valores pagos pelo Sistema Único de Saúde, que além de não serem suficientes para cobrir os custos do hospital estão em atraso, no caso de grande parte dos municípios conveniados com a instituição, como ressalta a diretora, Maria Celir Tefen.
“Alguns municípios não fizeram nenhum repasse este ano, embora estejamos no começo do segundo semestre. Não há como nos mantermos assim. Notificamos os municípios e, a partir do dia 16, caso os pagamentos não tenham sido regularizados, vamos cobrar pelo atendimento, pois não temos como manter o hospital dessa forma”, lamenta.
Para honrar com os salários dos empregados, a diretora diz que ontem o hospital teve que recorrer a um empréstimo bancário. “É um absurdo contrairmos mais uma dívida, sobre a qual vão incidir juros, sendo que temos um valor que soma mais do que o que necessitamos para fazer esses pagamentos para receber”, indigna-se a administradora.
Preocupada a com situação e para evitar que ela atinja patamares que tornem impossível a manutenção dos serviços básicos, em junho a diretoria do hospital convidou prefeitos, secretários de Saúde, representantes do Conselho Municipal de Saúde, Ministério Público, além de médicos plantonistas e assessoria jurídica para participar de reunião. Foram apresentados os números que representam o custo mensal para manutenção do pronto-socorro.
Os números vão muito além dos valores repassados pelo Estado e municípios, assegura a diretoria. “Apesar de a direção insistir diariamente, até esta data nenhum dos prefeitos ou secretários de Saúde assumiu qualquer compromisso financeiro que possa minimizar o prejuízo absorvido pelo hospital e que supera o montante de R$ 100.000,00 mensais”, aponta a direção.
A direção também agendou audiências com o secretário de Estado da Saúde, João Paulo Kleinubing, nas quais tentou sensibilizá-lo da necessidade de rever os valores que atualmente são repassados pelo Estado para a manutenção do pronto-socorro, os quais representam a quantia mensal de R$ 31.883,79.
Segundo os dados do hospital, o serviço já custa mais de R$ 194.000,00 por mês. Até este momento, diz a direção, o secretário não manifestou qualquer possibilidade de rever e renegociar a contratualização dos serviços prestados pelo Hospital Santa Teresinha ao Estado. “Depois do quadro exposto, o secretário de Estado da Saúde assumiu o compromisso de quitar o débito acumulado nos últimos três meses e que já alcança o valor de R$ 261.315,76 referente ao incentivo à contratualização, cirurgias eletivas de campanha e alta complexidade, o que ainda não aconteceu”, aponta Maria Celir.
A soma dos recursos em atraso chega ao valor final de R$ 420.691,76, o suficiente para o pagamento dos salários dos funcionários, cujo montante líquido não ultrapassa o valor de R$ 192.000,00.
Municípios
Conforme o hospital, o município de Grão-Pará acumula um débito que chega ao patamar de R$ 95.900,00. Em relação ao município de São Ludgero, considerando que mantém Pronto-Atendimento próprio, a direção solicitou o valor anual de R$ 45.000,00, como colaboração para o pagamento do plantão. Até este momento não houve negociação no sentido de serem estabelecidas as bases dos documentos necessários para a legitimação dos repasses, salientando-se que em relação ao sobreaviso, os pagamentos estão em dia. Rio Fortuna acumula débito correspondente a R$ 18.476,00. Embora o município de Braço do Norte esteja em dia com os pagamentos do plantão e sobreaviso, não se manifestou favorável em reajustar os valores do plantão, uma vez que 75% dos atendimentos realizados no pronto-socorro são pacientes deste município. A direção destacou que o município de Santa Rosa de Lima honra rigorosamente seus compromissos com o hospital.
Com informações do jornal Diário do Sul