O sambaqui de Cabeçudas tem dois hectares de extensão e é pesquisado desde o século 19
Foto: Reprodução/Diário do Sul
Mais um esqueleto foi encontrado por pesquisadores do Grupep, da Unisul, no Sambaqui de Cabeçudas, em Laguna. No total, 23 ossadas foram retiradas no trabalho de salvamento de parte do sítio para a construção da ponte Anita Garibaldi.
“Quando estávamos nos preparando para iniciar o fechamento do sítio, encontramos mais um esqueleto em área bastante alagada, praticamente no lençol freático. Isso pode indicar uma mudança ambiental, pois o local, na pré-história, pode ter sido mais seco, como uma espécie de praia”, explica a arqueóloga e coordenadora do Grupep, Deisi Scunderlick Eloy de Farias.
Conforme informações do jornal Diário do Sul, em quatro semanas de trabalho, foram localizados e retirados 23 esqueletos. “Também recolhemos muito material relacionado ao sepultamento e aos cerimoniais, assim como oficinas líticas, cerâmicas e manchas de fogueiras. Neste tempo, também conseguimos desenhar todos os perfis e as camadas”, afirma Deisi.
O sambaqui de Cabeçudas tem dois hectares de extensão e é pesquisado desde o século 19. Parte da área sofreu impacto com a construção da ferrovia, ainda no século 19, com a pavimentação da BR-101, na década de 1970. O trabalho de salvamento é realizado quando o sítio sofrer impacto devido à realização de uma obra. Neste caso, o espaço escavado é onde ficará o 10º pilar da ponte Anita Garibaldi, em Cabeçudas.
O material será analisado em laboratório para que se possa precisar as datas e analisar o que foi encontrado. “Acreditamos que este sítio possa ser um dos mais antigos da região e conseguimos dados para mapeá-lo da base até o topo. Para um trabalho de curto tempo, temos muito material para trabalhar e saber como se comportavam frente à morte, como eram os rituais e também sobre a alteração ambiental”, relata Deisi. Em fevereiro, o grupo pretende retornar ao sítio para escavar outra área do mesmo sambaqui.
