Material que for retirado do local será levado para o laboratório do Grupep, na Unisul, em Tubarão
Onze esqueletos, artefatos líticos, adornos e manchas de fogueiras. Estes foram alguns dos materiais encontrados pela equipe do Grupo de Pesquisa em Educação Patrimonial e Arqueologia (Grupep) da Unisul na escavação realizada no sambaqui Cabeçudas, na comunidade de Cabeçudas, em Laguna.
“Este trabalho faz parte de uma modalidade de arqueologia chamada de salvamento, que é feita quando há alguma obra que impacta em um sítio arqueológico. Neste caso, estamos escavando na área onde ficará o 10º pilar da nova ponte de Cabeçudas. Este é o último pilar em terra”, explica a coordenadora do Grupep, Deisi Escunderlick Eloy de Farias.
Os trabalhos começaram há três semanas e devem se estender até a próxima. Todo o material retirado do local será levado para o laboratório do Grupep, na Unisul, em Tubarão. “Encontramos 11 esqueletos. Destes, cinco foram retirados e temos mais seis para recuperar. Ao que tudo indica, este sambaqui era utilizado como uma área de ritual, pois os vestígios apontam para a prática de rituais antes ou após os sepultamentos”, explica Deisi. A idade aproximada deste sambaqui é de 4 mil a 5 mil anos.
O sambaqui de Cabeçudas tem dois hectares de extensão e é pesquisado desde o século 19. Parte da área sofreu impacto com a construção da ferrovia, ainda no século 19, e também com a pavimentação da BR-101, na década de 1970. “Até hoje foram contabilizados mais de 300 esqueletos retirados deste sambaqui. Não encontramos vestígios de habitação e trabalhamos com a possibilidade deles morarem em palafitas na lagoa”, afirma Deisi.
Acadêmicos
No local trabalham 12 pesquisadores e mais oito funcionários do consórcio Camargo Corrêa/M.Martins/Construbase, que irá construir a ponte Anita Garibaldi. Entre os pesquisadores estão estudantes do curso de História da Unisul, como Ketilin da Silva. “Já escavei outros tipos de sítios e este é o primeiro sambaqui. É interessante ver na prática o que estudamos na teoria e ver que há toda uma estrutura para estes sepultamentos. Os corpos não foram deixados de qualquer forma. As conchas encontradas junto aos corpos são diferentes do restante do sítio. Há muito material para pesquisar”, relata a jovem, que está no 7º semestre do curso.
Diário do Sul