Cultura

Irmãs gêmeas abrem estúdio de arte em Urussanga

Nascidas e criadas em Urussanga, as irmãs gêmeas Marielle e Michelle Bonetti, de 33 anos, trazem nesta semana um presente especial para sua terra natal. Foi aberto ao público nos últimos dias o Manas Bonetti Studio D’arte, local especialmente voltado para arte e exposição dos trabalhos feitos pelas irmãs.

Apaixonadas pela área artística desde pequenas, as duas tem formação do curso de Técnica em Cerâmica pelo Instituto Maximiliano Gaidzinski – IMG e na graduação de Administração e Marketing.

Após trabalharem por dez anos em uma cerâmica da região, as “manas”, como são conhecidas, resolveram apostar no sonho de viver da arte e foram se especializar em mosaicos na Scuola Mosaicisti Del Friuli, na Itália.

Com os três anos de curso concluídos, as duas voltaram a Urussanga para um novo e audacioso projeto: montar um estúdio de arte onde possam ministrar aulas gratuitas à comunidade, expor seus produtos e dividir o espaço com outros artistas da região.

As irmãs, que se entusiasmam ao contar cada detalhe do que aprenderam, acreditam que “tudo na vida tem um propósito e nada acontece por acaso”. “É um desafio, mas acreditamos que viemos ao mundo com algum propósito e essa deve ser nossa função. Valorizar a cultura e os artistas da terra”, afirma Marielle. O espaço utilizado para o Studio não poderia ser mais convidativo: uma casa construída em 1899 que hoje é tombada como patrimônio histórico do município. “A gente chega a se arrepiar a cada vez que entra na casa. É um privilégio muito grande estar trabalhando nela, que tem tudo a ver com a nossa proposta”, destaca Michelle.

A construção, chamada de Casa de Pedra Cancellier, fica na comunidade de Rio Maior, às margens da rodovia SC-108, e é um patrimônio da Associação Del Friuli. Ela foi cedida especialmente às irmãs para que ajudem a conservar e valorizem o espaço, que até então era pouco utilizado, deixando-o aberto para visitação.

Arte é a paixão

Durante os três anos que passaram na Itália estudando a arte em mosaico, Marielle e Michelle se dedicaram integralmente ao aprendizado. Das 8h às 17h, as duas tinham aula na escola e aproveitaram cada segundo de conhecimento repassado.

Em casa, as irmãs aproveitavam o tempo para fazer trabalhos para concursos, sendo premiadas em todos os que participaram. “A escola tem mais de 90 anos de história. Só seis brasileiros até hoje frequentaram as aulas de lá. Para nós, foi um grande privilégio”, afirma Marielle.

Além do conteúdo da aula, a cultura do país foi uma das grandes lições trazidas ao Brasil. “Eles possuem um sentimento muito forte de resgatar e manter o que há de antigo, de valioso. A grande diferença é que hoje vemos o Brasil como um país ainda muito novo, que não valoriza a cultura como a Itália, que é muito mais antigo. Eles respiram cultura. A onda não é substituir por tudo novo. É resgatar e manter o que já está feito”, comenta Michelle.

Desafio é profissionalizar

O sonho das irmãs gêmeas é simples: conseguir viver com o trabalho com arte. Abrindo o estúdio, as artistas pretendem fomentar o gosto pela cultura e a valorização do potencial da região. “Isso é uma questão que teremos que amadurecer aos poucos. Vamos semeando para que as pessoas comecem a entender melhor e valorizar. Queremos fazer parcerias com outros artistas, oferecer o espaço para que eles também possam ministrar cursos e expor produtos. A ideia é que seja bem democrático. Podemos, por meio dos cursos, descobrir talentos e, assim, fomentar a arte nos jovens, para que eles vejam uma perspectiva de futuro por aqui também”, comenta Michelle.

Aprovadas na primeira fase de um projeto da Fundação Catarinense de Cultura de Santa Catarina, e aguardando o resultado final, Michelle e Marielle, caso aprovadas, pretendem utilizar os recursos do projeto para equipar o ateliê, podendo receber alunos da comunidade. Conforme Marielle, a região tem potencial para o trabalho, além de ter sido vista como possível local para implantação de uma unidade da escola italiana.

“O presidente da Scuola Del Friuli esteve na região e fizemos questão de apresentar o potencial daqui a ele e sua comitiva. Todos ficaram encantados e veem o Brasil com um grau elevado de confiabilidade, comentando sobre uma futura instalação de uma unidade por aqui. Temos uma boa relação com cerâmica, base muito rica de matéria prima e queremos mostrar isso à comunidade. Leva tempo, mas acho que podemos conseguir”, explica Marielle.

Saiba Mais:

O Studio Manas Bonetti fica aberto ao público para visitação de terça-feira a sábado, das 9h às 17h. Diversos produtos das irmãs já estão sendo comercializados no local e podem ser encomendados.

Com informações do site Clicatribuna

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