Segurança

Vice-prefeito de Ermo é solto após fiança de dez salários-mínimos

De vítima a autor do próprio atentado em 20 dias. O vice-prefeito em exercício de Ermo, Elias Nagel (PMDB), de 42 anos, foi preso, na manhã de ontem, pela Polícia Civil, por posse ilegal de arma de fogo e munição e omissão de cautela na guarda da arma. Em meio a contradições, acabou revelando que foi ele mesmo quem atirou no veículo e na mão, de raspão, forjando um atentado na manhã do último dia 4 no município.

O delegado da Divisão de Investigação Criminal – DIC de Araranguá, Jorge Giraldi, que participou da ocorrência, acredita que o objetivo do vice-prefeito, que enganou inclusive por um tempo a polícia, era de se autopromover, passando-se por vítima. Pela simulação, ele deve responder por falsa comunicação de crime. Nesta tarde foi paga a fiança, arbitrada em dez salários-mínimos, sendo ele, então, liberado da cela da DIC de Araranguá. 

"Disse que sofreu muita pressão no período eleitoral, ameaças, e foi uma forma de 'desabafar', 'extravasar', dando a entender que teria sido uma vítima da oposição. Porém teve efeito contrário, dando, como diz o ditado, ‘um tiro no próprio pé’, neste caso, na mão", declara Giraldi. O trabalho policial teve início com o cumprimento de mandado de busca e apreensão, expedido pelo Poder Judiciário de Turvo, com o envolvimento da Polícia Civil de Araranguá, Ermo e Turvo, relacionado ao inquérito policial presidido pelo delegado André Coltro, da Comarca de Turvo. "As buscas foram deferidas devido à existência de indícios de tratar-se de uma farsa ardilosamente realizada pelo vice", aponta Giraldi.

Conforme a Polícia Civil, também foi efetuada busca na residência de um cunhado do vice-prefeito, no bairro Campo Verde, em Araranguá. "Na casa foram encontrados dois carregadores de pistola calibre 380 e cinco cartuchos. Após a autuação, o cunhado do político foi liberado depois de pagar fiança de um salário-mínimo. Já na residência do vice-prefeito foi apreendido um revólver calibre 38 municiado, que irresponsavelmente escondeu na mochila cor-de-rosa de sua filha de três anos, que estava prestes a deixar o local para ir à escola", explica o delegado Jorge Giraldi. Por pouco, a criança, sem saber, não levou uma arma de fogo para a unidade escolar.

Além de ter simulado um atentado, o vice-prefeito forjou ainda o furto de uma pistola 380, a arma que ele usou na simulação, registrada em seu nome. "Para os policiais que atenderam a ocorrência, ele disse que, na noite anterior, haviam furtado sua pistola de dentro do veículo e que estaria naquele momento indo à delegacia para registrar a ocorrência. Ontem negou o furto e disse que, após efetuar os disparos, levou-a para casa e a escondeu durante dez dias. Após isso, jogou a pistola no pátio de um casal conhecido seu, que, não sabendo da simulação, ligou para ele dizendo que havia encontrado a arma, já que estava marcada com seu nome", conta a autoridade policial.

Naquela manhã, o político relatou às forças de segurança que transitava em seu veículo, um Uno, na SC-285, que liga o pequeno município da Amesc à BR-101, quando foi surpreendido por dois ocupantes de um Golf, de cor preta, com vidros escuros, que efetuaram disparos contra ele, versão inverídica constatada agora oficialmente pela polícia. A ocorrência, no dia, mobilizou as polícias Civil, Militar e a Polícia Rodoviária Federal – PRF de Araranguá, pois os criminosos, que não existiram, teriam fugido em direção à BR-101. "No dia até estranhei, porque ele não parecia uma vítima em potencial de um atentado. Não estava nervoso", recorda Giraldi.

Nagel, que na época não quis se manifestar sobre a ocorrência publicamente, concorreu à eleição neste ano, mas como vereador, porém não garantiu uma cadeira na Câmara de Vereadores.

Com informações de Talise Freitas / Clicatribuna 

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