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Filha é presa suspeita de matar a mãe com remédios

Polícia diz que garota e prima viram vítima agoniar até a morte por 3 horas.

Foto: Divulgação/Presídio Regional de Caçador

Foto: Divulgação/Presídio Regional de Caçador

Uma jovem de 23 anos foi presa na terça-feira (14) em Caçador, no Oeste de Santa Catarina, suspeita de matar a mãe, uma mulher de 45 anos, com a ajuda da prima, de 25, e do ex-namorado, de 24. Os três estão detidos preventivamente no Presídio de Caçador.

Segundo o delegado Fabiano Locatelli, a vítima sofria de esquizofrenia e usava diversos medicamentos regularmente. “A família relatou que a doença se manifestou após ter dado à luz esta filha e desde janeiro, quando ela saiu de uma clínica, teve os cuidados transferidos para a jovem que passou a se dizer sobrecarregada”, contou Locatelli.

Conforme o delegado, o ex-namorado da garota, que é personal traineer, afirmou conhecer um medicamento usado para perda de peso e vendido sem retenção de receita médica, que poderia ser usado para matar sem deixar vestígios no corpo, no caso de uma perícia.

O crime

A prima da jovem presenciou a conversa e acompanhou o momento em que foi dado o medicamento à vítima, no dia 3 de março.

“Após o almoço, a filha foi administrar os remédios da mãe e adicionou uma cartela inteira do emagrecedor. Ela e a prima assistiram a mulher agonizar e pedir ajuda por três horas e só depois de uma hora, quando já estava morta, simularam um pedido de socorro aos bombeiros”, contou Locatelli.

De acordo com o delegado, o médico que acompanhava a mulher atestou a morte por causas naturais, um infarto. “Ele declarou não ter se surpreendido com morte, já que era uma pessoa doente há mais de 20 anos, que fazia uso de medicamentos em tempo integral e o corpo foi enterrado sem ser examinado”, disse.

Ex-namorado e prima confessam

Ao ser presa, a filha da vítima preferiu permanecer em silêncio. O ex-namorado alegou desconhecer o que a garota pretendia fazer com o remédio.

“Ele disse que soube só depois o que seria feito com o medicamento. No entanto, no inquérito ficou provado que ele sabia de tudo. A prima sabia de tudo desde o início, ela admitiu em depoimento, o que a torna cúmplice do crime”, disse o delegado.

A polícia cogita a possibilidade de pedir a exumação do corpo. “Ainda estamos analisando esta possibilidade. A filha tem um comportamento estranho e a família disse que ela usa remédios antidepressivos. Os outros dois, à primeira vista, são absolutamente normais”, relatou.

Origem da investigação

O trabalho da polícia começou após o desaparecimento de um irmão da vítima, na época da divulgação de um suposto serial killer na cidade. O homem foi preso suspeito de matar e esquartejar ao menos três pessoas. Os policiais passaram a cogitar o envolvimento deste preso em vários desaparecimentos em Caçador.

Em depoimento sobre o desaparecimento do homen, um dos parentes da mulher de 45 anos, no entanto, declarou à polícia suspeitar que ela não tivesse morrido por causas naturais, mas que a filha tivesse assassinado a própria mãe.

“Ainda não temos provas, disso, mas já trabalhamos com a hipótese de que este homem possa ter sido assassinado para garantir a impunidade do crime”, declarou Locatelli.

Confissão em celular

A partir desta declaração, a polícia examinou o celular da garota, onde a perícia encontrou uma gravação já apagada pela jovem. “Era uma conversa dela com o ex-namorado a respeito do crime, usada para chantagear o rapaz e obrigá-lo a reatar o romance”, disse o delegado.

Conforme Locatelli, outras quatro testemunhas ainda serão ouvidas e os celulares dos suspeitos serão submetidos à perícia em busca de outras provas que possam fortalecer o inquérito. A previsão é de que as investigações sejam concluídas ainda esta semana.

Confira trechos da conversa

– Se a gente não a matasse, não ficaria junto. Você acha que você ficaria comigo, com ela gritando? Fazendo você passar vergonha… Você não ficaria comigo, indagou a garota. “Não”, respondeu o ex. 

– Outra, você me cedeu os remédios. Quando deixei ela aqui morrendo e levei lá na academia os remédios e disse a uma guria que esses remédios eram teus [..] Depois de quantos minutos cheguei lá falando da morte da minha mãe? questionou a garota.

 – Qualquer morte que der infarto não tem como comprovar a causa [..] Se tivessem feito perícia no dia da morte, os remédios não teriam aparecido”, disse o rapaz. 
 
– Eu tirei uma vida e me ferrei. Tirei a vida dela para ficar com você, disse a garota. “Nós vamos ficar juntos, até você tirar a minha”, respondeu o ex.

– Não tem como comprovar o que causou a parada cardíaca [..] Um exemplo: vamos pegar um filme que assistimos, o do Chuck, lembra quando ele deu um veneno de rato para o padre morrer, e deu um infarto fulminante? Infarto quer dizer morrer célula cardíaca, é diferente se tu der para ingerir um veneno líquido que fica no organismo, disse o ex-namorado.

Com informações do G1 SC