Economia

Crise e prejuízos constantes fazem com que suinocultores da região abandonem atividade

Presidente da Regional Sul da Associação Catarinense de Criadores de Suínos – ACCS, Adir Engel, alerta que a atividade vive em um momento de caos.

Foto: Divulgação / Comunicação ACCS

Foto: Divulgação / Comunicação ACCS

“A suinocultura vive em um momento de desespero”, afirma o presidente da Regional Sul da Associação Catarinense de Criadores de Suínos – ACCS, Adir Engel. Segundo ele, somente nessa terça-feira (12), em visita a produtores da região, três suinocultores, de Orleans, São Ludgero e Braço do Norte, decidiram por abandonar a atividade. Contudo, existem ainda mais produtores desistentes. “Está insustentável esta situação”, emendou.

“Falei destes porque foram os que visitamos ontem. São granjas que estão paralisando as atividades não por falta de produtividade ou incompetência do produtor, são granjas modernas e com bom índice de produtividade, mas os suinocultores não veem futuro e possuem dívidas para pagar. Nosso produtor não gosta de ficar devendo e, por isso, abandona a atividade e procura alternativas. O número de propriedades que estão por abandonar é muito grande”, alertou em entrevista à Rádio Cruz de Malta.

Por isso, segundo ele, ações devem ser colocadas em prática o mais rápido possível. “É necessário que parem de fazer promessas e que se tomem medidas emergenciais. Há mais de 90 dias, desde abril, estivemos em uma audiência pública na Assembleia Legislativa e, logo em seguida, em Brasília, onde foi realizada uma reunião com a até então ministra da Agricultura, com o governador de Santa Catarina, com 12 deputados federais e três estaduais. Lá, houve uma série de promessas, mas nenhuma das tratativas aconteceram”, desabafou.

Conforme o presidente, em 15 anos, 71 granjas foram fechadas em Braço do Norte, diminuindo de 204 para 133. No Vale de Braço do Norte, este número é muito maior. “Nós ficamos emocionados. Visitei ontem uma propriedade que conheço desde 1983. Em 1860, já existia a atividade de suinocultura lá. Quem trabalha e convive com isso sente uma emoção muito grande e é realmente doloroso. Se continuar assim, não haverá produção suficiente para exportar para a Coreia e para abastecer o mercado interno”, previu.

Para ele, essas medidas, tais como a decisão do Governo da Coreia do Sul, tomada no início desta semana, de importar carne suína de Santa Catarina, não resolvem o problema de imediato. “Precisamos ser realistas e encarar a realidade. Isso não salva a suinocultura e não deixa os suinocultores tranquilos. Depois do acordo, vêm as negociações. Lá para o mês de setembro, o ministro da Agricultura deve visitar a Coreia para formalizar mais algumas coisas, depois as comitivas, tem toda uma questão comercial. Dessa forma, podemos dizer que, dificilmente, vai se exportar carne para a Coreia ainda neste ano”, adiantou.

Por isso, Adir diz que, mais uma vez, soluções serão buscadas na Capital do Estado. “Estamos indo para Florianópolis para uma audiência na Comissão de Agricultura da Assembleia Legislativa porque precisamos encontrar uma saída. O agricultor de todo o estado de Santa Catarina não teve acesso ao crédito de custeio para retenção de matrizes. Em relação à importação de milho, não tivemos ainda PIS e Cofins retirados. Tivemos a prorrogação da redução do ICMS de 12% para 6%, mas isso também é muito pouco para a quantidade de suínos vendidos para fora do estado. Nós precisamos de ações emergenciais, que livrem nosso produtor da falência”, explicou.

O presidente da Regional Sul da ACCS explica ainda que os suinocultores trabalham no prejuízo. “O custo de produção gira em torno de R$ 4,10, houve uma redução, caiu para R$ 3,90. Mas o produtor também chegou a vender a R$ 3,70 e hoje ele está vendendo em torno de R$ 3,10. Ou seja, ele continua com prejuízo entre R$ 90 e R$ 100 por animal produzido. Houve a redução sim no preço do milho, mas, ao que tudo indica, a redução é em curto espaço de tempo e o suinocultor não tem capital para poder comprar milho, para estocar por um período maior até chegar a nova safra. Na verdade, ele está endividado e o principal recurso, para retenção de matrizes, não foi liberado para nenhum produtor”, detalha Adir.