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Com uma visão do futuro, cego sonha em ser mecânico automotivo

2014 com certeza está sendo um ano muito especial para o orleanense Lucas Silva, de 18 anos. Sem poder enxergar desde os primeiros dias de vida, o jovem que dependia do auxilio da família para os afazeres diários, hoje mostra uma grande capacidade de ver o mundo de uma maneira diferente.

No mês de fevereiro, ingressou na Associação Catarinense para Integração do Cego – ACIC, em Florianópolis. Uma conceituada escola integral que ensina alunos cegos a escrever, ler, e a desenvolver outras habilidades. Com aproximadamente 150 deficientes visuais, as aulas são de segunda a sexta-feira, com um rigoroso calendário de atividades. “É um lugar sensacional. estou muito feliz na ACIC. Lá aprendemos a escrita Braile, Sorobã, atividade da vida diária (AVD), participamos de uma oficina de reciclagem e também de aulas de educação física em uma academia dentro da própria escola. Poder dobrar minhas roupas, arrumar a cama e lavar a louça, sozinho. Isso é incrível” relata Lucas.

Mesmo diante das dificuldades, Lucas estudou sempre em escolas públicas, completando o ensino fundamental na Escola Cônego Santos Sprícigo e o ensino médio, na Escola Samuel Sandrini, ambas de Orleans. “Tive professoras muito dedicadas e competentes que se esforçaram ao máximo para me transmitir algum ensinamento. Por isso, digo que elas se tornaram especiais para sempre”, afirma.

A ideia de estudar na ACIC surgiu por intermédio de uma tia, que realiza trabalhos com deficientes visuais em Tubarão, e que por muitas vezes mencionava o nome da instituição para o garoto. Com o auxílio do líder do grupo de jovens, Adriano Ferreira, juntamente com o pastor da Igreja Batista de Orleans, Robson Persola, foi possível uma conversa com o prefeito, Marco Antonio Bertoncini Cascaes, relatando a ideia. “Eu frequento a Igreja Batista e um dia falei do meu sonho para o pastor Robson e para o Adriano. Os dois prontamente se dispuseram a me ajudar. O prefeito Marco foi muito atencioso e por meio de um convênio entre prefeitura e a instituição pude ingressar na ACIC”, destaca.

A expectativa de Lucas é de permanecer dois anos na escola, aprendendo ao máximo às explicações dos professores. No futuro pretende morar na Ilha da Magia. Seu próximo objetivo é ser mecânico automotivo. “Acho que em Florianópolis vou conseguir me profissionalizar no ramo. A paixão por motores vem desde pequeno. Acho que é por que sempre ouvia os carros e me chamava atenção. Dizem que o cego tem a audição mais aguçada do que outras pessoas e eu acredito que sim”, descontrai.

Ao final da reportagem ao Portal Sul in Foco, Lucas diz que sempre sentiu preconceito das pessoas por ser cego, mas que nada vai o impedir de mostrar a todos que pode vencer na vida. “Eu quero, eu posso e eu vou seguir em frente. Agradeço sempre aos meus pais Gercioni e Darcilei e minhas irmãs Darcilene e Daniela pelo carinho e amor que têm por mim. Agradeço aos meus amigos que me tratam sem indiferença. E principalmente a Deus, que guia meus passos sempre”, finaliza.

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