Economia

Audiência termina sem conciliação e a greve dos trabalhadores da JBS continua

Foto: Silvia Medeiros / Comunicação CUT-SC

Foto: Silvia Medeiros / Comunicação CUT-SC

Em greve há seis dias, o presidente do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Alimentação – SINTIACR, Célio Elias, acompanhado do advogado, Gilvan Francisco e do representante da Confederação Brasileira Democrática dos Trabalhadores na Indústria da Alimentação CONTAC/CUT, Ernane Ferreira, participaram na tarde do dia 18 de dezembro de uma audiência de conciliação com os representantes da JBS, no Tribunal Regional do Trabalho – TRT, em Florianópolis.

Não houve avanços da negociação. Os representantes da JBS alegaram, na presença da desembargadora Viviane Colucci e da procuradora do Ministério Público, Cristiane Kraemer Gehlen, que não tinham apresentado nenhuma proposta de reajuste salarial. “Eles omitiram que, numa de nossas reuniões de negociação, eles haviam apresentado uma proposta de 8% de reajuste, inclusive distribuíram um ofício dentro da empresa reafirmando a proposta. Negar isso numa instância jurídica é muito grave, demonstra falta de seriedade não só com os trabalhadores, mas com os representantes da justiça”, declarou Célio Elias.

Em seguida, foi apresentado a cópia do ofício distribuído pela empresa aos trabalhadores. Para ele, essa atitude foi uma tentativa da JBS para desmobilizar a greve. Como resultado da audiência, a empresa se comprometeu em apresentar uma proposta aos trabalhadores e só sinalizou uma nova reunião na segunda, dia 22 de dezembro. A desembargadora incluiu na Ata que a JBS terá que avaliar o pagamento dos dias parados aos trabalhadores, pois serão mais quatro dias esperando uma resposta da empresa.

Reivindicação dos trabalhadores

Na audiência ficou determinado que o processo de dissídio coletivo que estava tramitando na justiça, com previsão da audiência para março de 2015, será suspenso até 30 de janeiro do ano que vem, para que os empregadores e trabalhadores negociem acordos para o fim da greve.

As principais reivindicações dos trabalhadores da JBS é reajuste salarial de 8,56%; reajuste de 10% no abono para as unidades de Morro Grande, Nova Veneza e R$ 500 para a unidade de Forquilhinha; licença maternidade de 180 dias; desconto do vale-transporte de 1% e principalmente a manutenção dos atuais descontos do plano de saúde.

“O plano foi uma conquista dos trabalhadores em 1995, de lá para cá, várias empresas já administraram os frigoríficos, mas nenhuma delas alterou os moldes do plano de saúde. A JBS além de propor um novo modelo de plano, impagável para a categoria que ganha uma média de R$800 a R$1.000, ela não fornece mais o benefício para os trabalhadores que estão sendo admitidos na empresa nos últimos meses”, relatou Célio.

A desembargadora cobrou da empresa um tratamento igual para todos os trabalhadores das três unidades e declarou ser inadmissível essa discrepância, visto o privilégio econômico em que se encontra o Grupo JBS. “Se o grupo compra uma unidade ela precisa tratar de forma igual, nenhuma conquista dos trabalhadores pode ser rebaixada”, frisou Viviane.

Ela também relatou os frequentes casos no TRT de mutilação dos trabalhadores dos frigoríficos e processos decorrentes a danos à saúde do trabalhador. Segundo a desembargadora, é preciso que o Grupo JBS honre com a sua responsabilidade social.

Colaboração: Silvia Medeiros / Comunicação CUT-SC